
Parece contraditório que uma região tão castigada pela seca não possa receber água em abundância. A chuva, tão esperada e desejada, quando vem forte e constante também destrói. 200 milímetros de chuva podem fazer significativo estrago em locais deficientes de estrutura.
Lembro de campanhas, em temos passados, quando se pedia ajuda para os desabrigados na chuva, pessoas que perderam tudo o que tinham, inclusive a casa de morada, durante inundações. O cenário se repete de tempos em tempos, no período que popularmente chamamos de inverno no sertão. Água demais para estruturas de menos. A conta não fecha.
Dentro desse ringue, na luta chuva x seca, não há vencedores. Precisamos de água, de muita água. Mas precisamos também de infraestrutura. As cidades precisam de reorganização dos sistemas de esgoto e armazenamento hídrico. As obras, construídas ao logo de mais de um século, algumas sem qualquer referência técnica, precisam de manutenção, fiscalização.
É a lei do equilíbrio, da ordem urbana, dos princípios da engenharia que ergue colossos de concreto e cimento e, muitas vezes, cega diante de construções irregulares às margens de rios e açudes, em áreas de preservação.
Sim, a natureza é soberana e segue seu curso. Não temos controle sobre ela, porém, inúmeras vezes, interferimos negativamente.
Poluímos, desmatamos, invadimos áreas que deveriam ser de matas, habitadas por fauna e flora. A conta chega.
O semiárido padece sem água. As cidades carecem de olhares mais atentos do poder público e o homem, esse precisa deixar de lutar contra, e passar a habitar o mundo nos limites do aceitável.