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17 de fevereiro de 2025

O romance na era pós-moderna parece o Buraco da Jia

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O amor nesses tempos de pós-modernidade parece uma manhã de compras num centro atacadista perto do Natal.

Você chega sabendo o que veio comprar, sabe os seus gostos, o que tem na conta. Segue andando em meio à uma grande muvuca, as pessoas te empurram, tanto tem no contrafluxo, como atrás de você.

Vê estampas e cores iguais, modelos repetidos. Parece que o fornecedor é o mesmo. A maioria segue a moda blogueira, com tecidos sem muita qualidade, que podem criar bolinhas e desfiar já na primeira lavagem. Tudo muito justo, curto, transparente. Mas que não cabem em quem tem mais carne no corpo.

Segue andando e encontra modelagens mais amplas, mas dessa vez é pano demais. Conhece aqueles modelos também e não quer mais se vestir daquele jeito tão comportado. Sabe que, apesar da fartura de carnes, não precisa esconder toda a pele. Isso não é perigo pra ninguém, como pensava antes.

Continua o seu caminho, fica meio atordoada com tanta gente, tantas cores e estampas. Se engraça com um vestido, mas a estampa não agrada, não combina com o seu tom de pele. Mais na frente acha uma estampa perfeita, mas não tem seu tamanho.

Finalmente encontra a roupa do jeitinho que queria, o tamanho e a cor são perfeitos. Mas, pergunta o preço e é um pouco mais do que você imaginava. Tem o dinheiro para pagar, mas prefere andar mais um pouco para ver se realmente vale a pena o investimento.

Continua o percurso. Um calor desgraçado tira o foco. Encontra a lingerie que queria, as roupas de dormir, um biquíni, alguns presentes.

Aí depois de seguir por três galpões diferentes, ainda não achou o que queria e percebe que aquele vestido que gostou, mas achou caro, era muito melhor do que todas as opções que viu. Resolve voltar até aquele box. Pergunta para a vendedora e não encontra mais. Era peça única e levaram embora. Logo aquele que dava certinho! Uma pena …

Pois é. Com tantas opções de mulheres, homens, relacionamentos de todo o jeito, as pessoas preferem achar que o melhor está mais na frente. E assim passam meses e anos. Às vezes, a pessoa que valia a pena, que era o seu número, ficou lá atrás e você preferiu continuar seguindo. Pensa em voltar e quando percebe, a pessoa não está mais lá. Porque a vida é uma fila que segue e o tempo não volta.

Ter conexão é coisa rara, valiosa, mas nem todo mundo se dá conta. Por isso, tem tanta gente que fechou as portas do coração para se relacionar.

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