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4 de outubro de 2024

O que Wagner, Elmano e RC têm a oferecer à empregabilidade no Ceará?

Quatro especialistas avaliam os planos de governo de cada um dos três candidatos mais bem pontuados em pesquisas eleitorais registradas na Justiça Eleitoral. Nas avaliações, pontos positivos, mas também ressalvas
Foto: Natinho Rodrigues

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Priscila Baima
priscila.baima@opiniaoce.com.br

Capacitar jovens ociosos, ampliar políticas públicas para a agricultura familiar e favorecer o microcrédito para empreendedores locais fazem parte da argamassa do “bolo de propostas” dos três principais candidatos ao Palácio da Abolição nas eleições de 2022.

A receita certa, todavia, não existe e tampouco traz ineditismo em se tratando dos planos de governo dos candidatos Roberto Cláudio (PDT), Elmano de Freitas (PT) e Capitão Wagner (União Brasil). A cereja do bolo só será posta, portanto, em janeiro de 2023. Especialistas ouvidos pelo OPINIÃO CE trazem visões otimistas e também realistas sobre o que cada candidato tem a oferecer para os cearenses a partir do próximo ano.

Edemilson Paraná, professor de Sociologia Econômica e do Trabalho da Universidade Federal do Ceará (UFC), avaliou que as propostas dos planos de governo dos três candidatos parecem importantes, pois trazem questões que qualquer governo deve dar à devida atenção, principalmente se tratando de empregabilidade.

No entanto, o que foi sugerido como plano de governo não é novo e nem dá detalhes mais específicos sobre o que cada um pretende.

“As propostas envolvem uma ação coordenada de distintas esferas da Administração Pública, mas é preciso ter um maior grau de detalhamento. É preciso conhecer como esses programas, essas ideias e essas implementações vão ser realizadas na prática, por meio de quais modelos, com quais parcerias, com quais fontes de gasto de investimento e assim por diante”, avalia.

Dentre as propostas do Capitão Wagner, por exemplo, é citada a ideia de capacitar 700 mil jovens que não conseguem trabalhar e estudar no Ceará a partir de parcerias entre instituições de ensino e entidades. O candidato, entretanto, não diz como. “Tratam-se mais de planos de intenções do que propriamente planos de governo. Nenhum desses candidatos apresentam, por exemplo, a previsão do crescimento do PIB e quanto eles irão gerar de emprego e renda também”, detalha o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Eldair Melo.

Ainda segundo este economista, outro ponto importante é que nenhum dos três trata do equilíbrio orçamentário do Governo do Estado. “Atualmente, nós temos a Lei da Responsabilidade Fiscal [LRF] que já está disparada pela Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022. A folha de pagamento disparou o primeiro alerta com o limite alcançado em 49% por exemplo. Esse é o contexto de que o Ceará está partindo”, critica.

Em seu plano de governo Wagner também escreveu que pretende capacitar mulheres e torná-las financeiramente independentes a partir do desenvolvimento e da ampliação do programa de planejamento familiar, fortalecendo o vínculo familiar das gestantes e ofertando atendimento a esse público.

Em outra linha de sua proposta, Capitão Wagner diz que quer fomentar junto ao setor privado a instalação de novos equipamentos turísticos – hotéis, resorts, parques aquáticos etc – ao longo dos corredores costeiros do litoral do Estado, preservando o Meio Ambiente e gerando empregos diretos e indiretos. Ainda assim, não há muitos detalhes, o que prejudica a avaliação até do eleitor que entende um pouco de economia, defendem os dois especialistas. O documento registrado pelo candidato do União Brasil tem 11 páginas e é o mais enxuto de todos os planos. Ao todo, o plano tem 44 propostas, sendo o eixo social o que soma o maior número de proposições, com 19 ações prioritárias.

HERDARÁ FEITOS, MAS TERÁ QUE INCREMENTAR
Em seu plano de governo, Elmano de Freitas traz 25 ações para tratar de economia, emprego e renda. Uma delas é incentivar a oferta de serviços de tecnologia da informação, call centers, segurança, eventos e produção de aplicativos.

Além disso, dentro de suas propostas, promete aprofundar as políticas públicas voltadas para qualificação profissional, especialmente em parceria com o Sistema S (Senac, Sesc, Senai, etc) e fortalecer o Sistema Público Estadual de Trabalho, Emprego e Renda, em parceria com as esferas federal e municipal, com foco na intermediação da ocupação e emprego, apoio à comercialização de serviços profissionais autônomos e mecanismos de troca de serviços profissionais.

Para a presidente do Corecon-CE, Silvana Parente, as propostas econômicas do candidato voltadas à empregabilidade têm como base duas grandes estratégias. Uma é aprofundar as políticas já em curso pelo Governo Camilo e Izolda – que é de fortalecer as cadeias de energias renováveis, da saúde, da infraestrutura e da capacitação profissional.

A outra estratégia, segundo a economista, aponta para “novos caminhos na geração de trabalho e renda que é ativar as economias locais, não só as cadeias agroalimentares da agricultura familiar, mas também cita economia popular e solidária, além do microcrédito e os arranjos produtivos locais que é a base da economia dos municípios”, explica.

O candidato do PT reforça, em outro ponto do seu plano de governo, o estímulo aos negócios da agricultura familiar sustentável a partir da inovação, organização, produção, comercialização, agroindústria, utilizando tecnologias apropriadas, novo modelo de comercialização e agregação de valor nos territórios. Uma política que já existe no governo atual.

Na avaliação do professor Paraná, Elmano fez bem em destacar o elemento da agricultura familiar, mas está vago em seu objetivo final. “Essa proposta precisa de um maior grau de detalhamento e de uma organização estratégica em relação a uma política mais ampla para o setor agropecuário no estado do Ceará e que se conecte com uma estratégia econômica maior com a formação de recurso humanos”, sugere. O plano do candidato do PT tem 20 páginas e 166 propostas.

FOMENTAR SEGMENTOS
O ex-prefeito de Fortaleza e candidato a governador, Roberto Cláudio, dentre suas propostas para emprego e renda, quer fomentar o desenvolvimento do Estado para assumir o protagonismo nas novas economias baseadas nas sustentabilidades social, econômica e ambiental, potencializando as oportunidades da transição global para a chamada economia de baixo carbono.

Em outro ponto de seu plano de governo, o ex-prefeito de Fortaleza quer promover políticas públicas que estimulem o potencial do Estado na economia sustentável com foco especial na transição energética para fontes sustentáveis e renováveis como energia solar, eólica e hidrogênio verde.

O economista e professor Wandemberg Almeida acredita que esse ponto no plano de governo do ex-prefeito da Capital é positivo, porém também bate na tecla da especificidade da proposta.

“A indústria no Estado precisa se fortalecer por meio de uma nova matriz energética sustentável, mas para isso é preciso mudar um pouco da mentalidade dos cearenses. É preciso dar condições para que as pessoas possam fazer seus investimentos. Para a economia cearense, é algo positivo e que vai contribuir para a geração de emprego e procurar qualificar essas pessoas. Todavia, é preciso criar políticas públicas e programas específicos e mais claros e começar a produzir esse incentivo.”

Outra proposta de RC visa a estimular o desenvolvimento orientado pelas diversas vocações regionais do Ceará, tais como a Economia do Mar, agronegócio, turismo, desenvolvimento da indústria e infraestruturas logísticas. Além disso, o pedetista pretende priorizar a geração de oportunidades, emprego e renda, inclusive apoiando o segmento de pequenos e médios empreendedores, de forma a estimular o desenvolvimento econômico do Estado e o orientado pelas diversas vocações regionais locais.

Almeida afirma que a proposta de RC é algo que a população busca mais, principalmente depois da pandemia. “A população busca duas coisas praticamente: qualificação e oportunidade. Quando há parcerias público-privadas, se consegue muito. Então, é muito importante que o Estado saiba qualificar, principalmente para população mais carente”, conclui.

No documento apresentado pelo candidato do PDT, as 94 propostas estão divididas em 14 eixos. O plano tem 25 páginas. Os eixos são os seguintes: saúde; desenvolvimento, emprego, renda e empreendedorismo; segurança; inovação, ciência e tecnologia; meio ambiente; infraestrutura; mobilidade; turismo; proteção social; habitação; governança e gestão pública; agronegócio; primeira infância e; esporte e cultura. O eixo com mais propostas é o “desenvolvimento, emprego, renda e empreendedorismo”, com 13 proposições.

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