No início deste mês, vários jornais – inclusive o próprio OPINIÃO CE – repercutiram falas do prefeito e do superintendente da AMC, apresentando o número de mortos no trânsito de Fortaleza no primeiro semestre de 2022. Foram 68 mortes, e tenho certeza de que muitas evitáveis, mas a redução nos números pode ser considerada animadora. Desde o início da série histórica, em 2001, é o semestre com menos mortes, e a redução em relação ao mesmo período do ano passado é de 23%.
Os números anuais caem de forma consistente desde 2014 e, neste ano, devemos ter nova redução.
Se considerarmos o número de mortes em relação à população, o valor de 2021 – 6,8 para cada 100 mil habitantes – já é menos da metade que o de 2014 – 14,7. Para quem prega maior proteção aos mais vulneráveis, também são positivas as reduções das porcentagens de ciclistas e pedestres entre as vítimas: de 10% e 40% em 2019, respectivamente, para 4% e 37%. O que acontece desde 2014 na mobilidade de Fortaleza todo mundo já conhece, apesar de incrivelmente alguns ainda serem contra:
“Redução da velocidade máxima de 60 para 50 km/h em diversas vias, aumento expressivo da rede cicloviária, mais fiscalização da ‘Lei Seca’, melhor treinamento de agentes e técnicos sobre segurança viária, dentre diversas outras ações.”
Apesar de terem imenso respaldo na comunidade técnica, parte da população ainda insiste em achismos para ser contra, ou se incomoda com a mudança no status quo, teimando em defender ou tirar responsabilidade de motoristas e motociclistas que colocam em risco as pessoas ao redor. Fica claro que o registro adequado e a divulgação destes dados são importantes, porque são incontestáveis. Também comprovam que é possível reduzir o número de mortes – que obviamente é um problema muito grave – com rapidez, e não apenas investindo em educação e aguardando uma demorada mudança de cultura, que se depender da indústria automobilística, poderia nunca acontecer.
Apesar de alguns problemas, Fortaleza está apontando e seguindo o caminho certo em relação a segurança viária. Que continue acertando, e que as outras cidades copiem.