Nascido no Cedro, no Centro Sul cearense, em 3 de julho de 1964, Francisco De Assis Diniz é Analista de Mercado de Trabalho. Bacharel em Direito (Unifor) e História (UECE) e também especialista em Gestão Pública (Unicamp) e Economia do Trabalho (Unilab). Votado nos 184 municípios cearenses, em 2022, foi eleito deputado estadual do Ceará, com 63.253 votos, sendo a segunda maior votação da coligação “Ceará Cada Vez Mais Forte”. Na Assembleia Legislativa, é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Agricultura Familiar, da Pecuária e da Pesca.
Como gestor público, presidiu o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT). Paralelamente, foi eleito e reeleito presidente do diretório estadual do PT no Ceará, quando o partido elegeu o primeiro governador de sua história no Estado, o companheiro Camilo Santana. Posteriormente, assumiu a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), a convite do então governador Camilo, quando chegou a presidir a Câmara Temática da Agricultura Familiar do Consórcio dos Governadores do Nordeste.
Em entrevista exclusiva ao OPINIÃO CE, De Assis explana sobre o planejamento do PT para as Eleições de 2024, com foco nas pré-candidaturas no Ceará. Confira:
OPINIÃO CE: Como estão as tratativas do PT em relação a pré-candidatura do interior para as eleições do próximo ano?
DE ASSIS: Há uma leitura que parte de um processo que a direção nacional tem desenvolvido e acompanhado. No Ceará, o presidente Antônio Filho, Conin, é quem coordena esse processo. A resolução que tivemos aprovação já delineou um caminho, caminho esse que aponta onde terá a autonomia dada para o diretório estadual e ao diretório nacional. Nos municípios de até 100 mil eleitores, você decide, mas quem homologa é o diretório estadual; em cidades acima de 100 mil e capitais, quem homologa é a direção nacional. É uma regra que foi ratificada na reunião de ontem e diz que nos municípios, quando você tiver dois terços do diretório municipal, não há o encaminhamento de prévia. Isso significa dizer que dá uma condição de construir diálogo e principalmente efetivar a unidade interna do partido.
Historicamente, você tem um calendário eleitoral que é a pré-campanha propriamente dita. Em cerca de 90% das cidades você tem unidade política que garante isso e nos demais você tem as tratativas. Essas tratativas apontam para a necessidade de um diálogo mais próximo entre as direções nacional e estadual. O que o PT certamente vai ter neste processo é a construção de um diálogo, nós entendemos que é importante que o PT exerça o protagonismo no governo Elmano. No Ceará, temos dois grandes cabos eleitorais que terão uma predominância nesta eleição com a força política, que é o ministro e senador Camilo Santana e o próprio presidente Lula; o governador Elmano também tem essa força e a capilaridade de governo vai intensificar. Hoje, somos 34 prefeituras e talvez teremos cerca de mais 10 prefeitos. A ideia é construir esse arco de aliança, evidentemente, com diálogo, estabelecendo todo esse cronograma, algo em torno de 50/60 prefeituras. O que nós buscamos efetivamente é estabelecer, pelo diálogo, a construção de uma base programada que nos permita a ser força majoritária na base do governo do Elmano.
OPINIÃO CE: Há uma conversa avançada do PDT e PSD sobre alianças com o PT, principalmente em municípios onde o PDT é muito forte, como na região do Sertão Central e em Quixeramobim?
DE ASSIS: Nós temos vários casos, não temos uma relação uniforme. Cada cidade tem suas especificidades. Em Quixadá, por exemplo, não podemos abrir mão de construir uma candidatura própria do PT; em Quixeramobim, embora tenha todo um diálogo, há uma construção para que o PT efetive uma candidatura própria. Em outras cidades, como Senador Pompeu, Milhã e Piquet Carneiro, nós vamos estabelecer, até mesmo porque nessa construção há um sentimento de que o PT não pode ter candidaturas em 184 cidades. Vamos estabelecer critérios como o arco de aliança e a densidade eleitoral, e, a partir disso, o diretório municipal com os deputados estaduais e com a força do ministro Camilo Santana e do governador Elmano, decidirá onde terá candidatura própria e onde terá composição. Não dá para dizer hoje de onde nós vamos abrir mão. O fato é: nós vamos buscar a base programática, o nome que se apresenta, se tem a densidade e condições de ampliar, e, assim, estabelecer onde teremos candidatura.
OPINIÃO CE: A última visita do Lula, na sede do BNB, parece que marcou uma mudança de discurso de algumas lideranças do PT. Antes desse encontro, existia um “martelo batido” de candidatura própria do PT, definido por Guimarães, Luizianne e outras figuras de destaque do partido. Depois da visita do Lula, parece que “afrouxou” um pouco mais essa decisão e começaram a existir outras possibilidades. O que você pensa sobre isso?
DE ASSIS: Se tem uma coisa que o PT tem a unidade é de que nós teremos candidatura própria. O PT terá candidatura própria em Fortaleza. Fortaleza tem suas especificidades, tem todo um debate de acúmulo do que foram as últimas 6/8 eleições. Então, em um momento que nós teríamos tudo para não ter candidatura própria, nós tivemos. É natural a candidatura própria. Sobre o nome, aí sim nós temos muito debate para decidir. A nossa visão é que 2024 seja pautada no que foi o resultado de 2022, não dá para secundarizar o que foi o primeiro turno das eleições. É com esse sentimento que nós vamos estabelecer diálogo. Os nomes postos são extraordinários, seja da companheira Luizianne (Lins), seja da companheira Larissa (Gaspar), seja do companheiro Guilherme, e tem outros nomes que estão na mesa. Está se colocando, para dentro desse debate, a necessidade de olhar sistemicamente, não só Fortaleza, mas o conjunto das 183 cidades.
OPINÃO CE: Hoje, o PDT é o partido com o maior número de deputados na Assembleia. Tem o presidente, Evandro Leitão, e o PT tem o vice-presidente, que é o Fernando Santana. Em uma eventual saída do Evandro da Assembleia, o PT cortejaria a presidência da Casa?
DE ASSIS: Essa é uma decisão que passa pelo governador Elmano. Não podemos agora abrir um debate de quem vai estar, até mesmo porque é uma Casa que precisa de uma ressonância muito próxima do que pensa o Executivo, não é que seja refém, mas nós precisamos entender que é um debate, ao meu juízo, dentro daquilo que pensa o Executivo. Caso contrário, você vai ter um encontro que chocará, portanto, nomes, alternativas, passa por um debate que precisa estar na mesa o Executivo.
OPINIÃO CE: Umas das críticas que têm sido feitas ao governo é sobre a questão das contas. Uma parte da oposição fala de que o governo não tem dinheiro e está gastando o que não tem. De outro lado, a base argumenta que as coisas estão em ordem. Como está essa situação?
DE ASSIS: Se o governo não tivesse caixa, você não tinha tanta ordem de serviço e tanta frente sendo aberta pelo governo. Aliás, este orçamento é maior do que o passado em 2,57%, o que dá a dimensão de que nós teremos margem para isso. Nós temos uma responsabilidade fiscal a ser mantida, temos margem de crescimento dessa responsabilidade fiscal. O que precisa ser visto é o que o Estado tem para investir na saúde, na educação, infraestrutura, geração de trabalho, emprego e renda, no combate à fome, uma das graves questões que precisam ser compreendidas dentro desse novo período. O Ceará tem quase 9 milhões de pessoas. Desses, 4,8 milhões, praticamente 50%, estão abaixo da linha de pobreza. Tem que ter algo focado na relação de trabalho, emprego e geração de renda, e no combate à fome e à vulnerabilidade social. Sem sombra de dúvidas, é um grande eixo que o Estado vai priorizar.