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11 de setembro de 2024

O povo votou, Lula voltou

Com ou sem ressaca, todos os cidadãos the day after já sabiam o dever de casa: assistir à posse do operário que virou estadista pela terceira vez

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Apesar dos parentes, amigos, colegas que partiram – da miséria, da fome, da violência que assola a nação com a pandemia, não tinha como não deixar de comemorar a vitória da democracia. Com ou sem ressaca, todos os cidadãos já sabiam o dever de casa: assistir à posse do operário que virou estadista pela terceira vez. A turma da minha geração, bem lembra do segundo turno da eleição de 1989. Collor, que se dizia defensor dos “descamisados” e dos “pés descalços” e, estranhamente, do neoliberalismo defendido pelas elites versus Lula, o representante dos operários, dos trabalhadores, das minorias etc.

O desfecho todos já sabem. Collor foi eleito e subiu a rampa já com outro visual no corte de cabelo e uma estética nada popular. Vixe! Dá certo esse negócio de neoliberalismo nesse país continental, com uma população de milhares de pobres e miseráveis? Na recente eleição de 2022, Lula venceu contra o neoliberalismo disfarçado de fascismo, o negacionismo – da democracia, da política, da educação, da ciência e da diversidade. No decorrer do processo eleitoral e na posse de Lula lembrei muito do Darcy Ribeiro e do seu “O Povo Brasileiro”, ao explicar que o povoamento, a “Constituição do Brasil, é obra dos brasilíndios ou mamelucos, gerados por pais brancos sobre mulheres indígenas.”

No dizer de Darcy, ambos, brasilíndios e mamelucos eram rejeitados pelo pai e pelo gentio materno.” Carlos Lemos fala dos pardos, filhos de brancos com mulheres negras, escravas.

Segundo ele, apesar dos pardos (de Minas) e mulatos (termo usado no litoral) serem criativos e artistas eram esquecidos. A cachorra Resistência pode ter sido usada como símbolos ao subir a rampa. Talvez mesmo a representação literal dos cachorros ditos vira-latas que vagam pelas ruas ou criados pelas populações menos abastadas. Talvez, quem sabe, a representação dos sem-teto, dos sem- comida, dos esquecidos pela sociedade pelo Estado que perambulam virando latas de lixo em busca de comida e que buscam guarida nas praças, marquises, becos e vielas neste país abençoado por Deus, mas que vem perdendo a natureza das coisas.

Sim: foi emocionante ver Lula ao lado de Janja subindo a rampa do Palácio do Planalto ao lado de representantes da tão bela e singular diversidade étnico-cultural brasileira, dos “brasilíndios rejeitados.” Assim resumiu o jornalista, Reinaldo Azevedo: “A ausência de Bolsonaro preencheu a lacuna da dignidade. O Povo entregou a faixa.”

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