Voltar ao topo

7 de dezembro de 2023

Rádio opinião

O politicamente correto e a morte da alma do futebol

Compartilhar:

O futebol está ficando chato. Sim, eu sei que a frase já virou um clichê, mas os clichês existem por um motivo: na maioria das vezes, eles são reais.

(Foto: Divulgação)

A procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro denunciou Gabriel Barbosa, o Gabigol, pela comemoração que o jogador fez após marcar, de pênalti, o gol que deu a vitória do Flamengo sobre o Vasco no clássico da última quarta-feira, 16.

O crime do atacante? Colocar a mão ao lado do ouvido em frente à torcida do rival. Não é de hoje que movimentos como esses acontecem no esporte. Outro dia, na França, o brasileiro Lucas Paquetá levou cartão amarelo após tentar dar uma “lambreta” no adversário. Sim. O jogador foi punido por tentar driblar.

Fico imaginando se Garrincha jogasse hoje e pertencesse a algum time do Campeonato Francês. Capaz de ser expulso. Esse movimento “politicamente correto” tira ingredientes que foram fundamentais para aguçar a nossa paixão pelo futebol.

Drible, irreverência e provocação sempre deram um tempero todo especial ao esporte mais popular do Brasil. Fico imaginando algumas figuras da década de 1990 jogando nos dias de hoje. O “cancelamento” de Túlio Maravilha, Renato Gaúcho e Romário, por exemplo, seria inevitável. Alguns programas esportivos também endossam essa postura de engessamento autodestrutivo.

Aliás, se tem uma coisa que vemos pouco na imprensa “esportiva” de hoje é esporte. Há duas linhas editoriais muito claras nesses veículos. Uma parte é praticamente só fofoca e polêmica vazia, com comentários e análises absurdas apenas para gerar repercussão. Do outro lado, uma preocupação quase total com uma determinada agenda política, onde pautas de nichos ideológicos possuem o protagonismo.

E no meio disso tudo, uma singela e irreverente comemoração de gol vira polêmica para a turma do “click bait”, ou pauta social para a banda da “lacração”. Sinto falta de quando se debatia o jogo, de quando se ria das tiradas irreverentes e de quando a alma de tudo o que envolve futebol não estava contaminada por tanta gente que não ama genuinamente o esporte.

[ Mais notícias ]