Sou das antigas e ando fazendo esforço para aprender o novo vocabulário do futebol. Tenho ido aos jogos com o celular. Outro dia ouvi dizer que o Ceará está contratando jogadores que têm experiência na série A. Pensava que bastava o sujeito saber jogar.
Tem coisas engraçadas. O técnico Tite contribuiu de maneira hilária ao criar o nome de “Extremo Desequilibrante” para os antigos pontas, direito ou esquerdo, que jogam avançado pelos lados do campo, driblam quem aparecer na sua frente e cruzam a bola para a área adversária.
Propor o jogo é ter a posse da bola e atacar o adversário. Jogo reativo é contra-ataque. Momento ofensivo é quando se tem a posse da bola e momento defensivo é quando a bola está com o adversário. Transição é quando, de posse da bola, a equipe evolui da defesa para o meio-campo e daí para o ataque.
Amplitude é alargar o campo no momento de atacar, ou seja, abrir jogadores para os lados do campo. Profundidade é deslocar jogadores no sentido vertical em direção à linha de fundo. Superioridade é ter um maior número de jogadores em determinada faixa do campo.
Jogo posicionado é um modelo ofensivo que envolve deslocamentos e triangulações numa troca de passes em busca de superioridade numérica num setor. Bloco é não deixar espaços nas linhas de defesa, meio-campo e ataque e isso tem a ver com marcação.
A marcação pode ser alta quando no campo do adversário ou baixa dentro do seu campo. Entrega é quando o jogador dá a resposta que dele se espera e intensidade é quando corre o tempo todo como se fosse um papa-léguas. Antigamente, se dizia que o jogador ia à bola como em um prato de comida.
Novos termos fazem sentido porque o futebol mudou muito depois que virou “Business”. Natural que técnicos, jogadores e comentaristas usem uma linguagem comum e estabeleçam uma lógica em busca de uma padronização de conceitos e métodos.
O rádio já foi o companheiro inseparável do torcedor. Hoje é o celular. Ali ele tem as imagens, a narrativa do jogo e os comentários. Não basta ver o jogo. É preciso ouvir seu comentarista predileto. Para desempenhar o papel que a história lhe reserva, ele deverá estar ligado e atento ao novo vocabulário.