
“Toda mulher sabe parir e todo bebê sabe nascer.” A frase confirma a fisiologia do parto. Há um movimento intenso de profissionais de saúde que trabalham incansavelmente para assegurar à mulher o direito de parir como deseja, com acompanhamento adequado e assitência de qualidade.
O parto vaginal sempre foi a forma mais adequada e segura de trazer um bebê ao mundo, desde sempre. Com o avanço da medicina, as intervenções cirúrgicas, ou seja, cesarianas, assumiram o protagonismo do nascer. Os papéis se inverteram. Não estou diminuindo a importância de uma cesariana. Ela salva vidas. Mas o que era para ser exceção virou regra. Ter um parto vaginal passou a causar incômodo, a ser sinônimo de dor, de algo ruim, animalesco.
Desconstruir essa inversão tem custado esforço e dinheiro. Não se trata de dizer que todo parto tem que ser vaginal. Se trata do direito da mulher de ter acesso à informação, de conhecer o poder do seu corpo, de ter o direito de escolha.
No Interior, esse processo é ainda mais difícil. No sistema público, o parto vaginal é a orientação. Mas há uma grande contradição nisso. Para parir naturalmente, a mulher precisa de suporte médico adequado, de profissionais humanizados, que acolham, orientem, encorajem e façam as intervenções quando elas forem necessárias. Este perfil de profissional é raro. A maioria dos médicos e enfermeiros leva para a sala de parto apenas o conhecimento técnico e deixa do lado de fora a empatia.
Fico feliz em noticiar aqui que há mudanças em andamento. E elas surgem com a força da universidade. A Residência Uniprofissional em Enfermagem Obstétrica da Universidade Regional do Cariri (Resenfo/Urca) tem levado para dentro das maternidades capacidade técnica e humanização. Essa soma assegura atendimento de excelência.
No Hospital e Maternidade São Lucas, em Juazeiro do Norte, a sala ganhou voz amiga, massagens para aliviar a dor durante as contrações, música e dança para acelerar o trabalho de parto, registros da placenta e até cartões decorados para as informações dos bebês e cartinhas emocionadas de bebês anjos (aqueles que nascem mortos) para suas mães.
Isso não acontece em todo parto e nem em todos os atendimentos. Não é ainda uma visão global, uma regra. Mas onde acontece e quem recebe o acolhimento vive uma experiência única e intensa. Que a informação seja direito assegurado. Que a mulher tenha a opção de escolha e que essa escolha seja acolhida com respeito e proteção.