Adesão de adolescentes ao direito ao voto tem diminuído ao longo dos anos, apesar desse público reconhecer a importância de ser ativo em processos democráticos
Ingrid Campos
ingrid.campos@opiniaoce.com.br
O número de jovens entre 16 e 17 aptos a votar neste ano é, até agora, 47% menor que o observado em 2018. Os dados foram divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no último fim de semana.
Até janeiro, 730.693 adolescentes tiraram o título de eleitor, contingente menor que o do último pleito geral, de 1.400.613 pessoas. Em relação a 2020, esse índice caiu 26%, já que, naquele ano, 992.513 jovens nessa faixa etária puderam votar.
Para Marcel Almeida, coordenador de atendimento ao eleitor do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), a participação dos adolescentes nesses processos é importante para que saibam desde cedo a importância do voto. “Esse é um direito conquistado ao longo de muita luta pelas gerações anteriores, e o voto é a possibilidade de mudar as condições em que vivemos hoje, participando ativamente das decisões políticas na sociedade”, afirma.
Almeida explica que essa baixa adesão pode ter relação com a crise epidemiológica. “Aparentemente a pandemia tenha atrapalhado o alistamento dos jovens que atingiram essa faixa etária. Apesar de todo o esforço da Justiça Eleitoral, ainda não ficou claro que é possível fazer o alistamento eleitoral 100% a distância”, diz.
FAZEM QUESTÃO DE VOTAR
Indo contra a tendência de baixa adesão, a jovem Monique Martins, de 16 anos, pesquisou sobre o assunto e já garantiu o seu título de eleitor pela Internet. Ela diz que a proximidade das eleições a deixa “ansiosa” porque a participação nesse processo é uma forma de “salvar o país”.
“Vou votar neste ano! Não sei se eu tô animada ou nervosa, é a primeira vez que eu vou votar e escolher o presidente do País, deputados e afins”, declara. A estudante diz que acompanha um pouco o noticiário de política e, por isso, não pode “desperdiçar” seu voto. “Nesses últimos quatro anos, a política anda demais por períodos de trevas, acho que meu voto é de extrema importância para ‘mudar’ essa situação”, afirma.
Assim como Monique, Gabriela Rodrigues, de 17 anos, e Letícia Liz, de 16 anos, pretendem votar neste ano, apesar de ainda não terem emitido o título de eleitor. Gabriela diz o assunto é importante e sempre trabalhado pela família.
“Costumava sempre acompanhar meus pais para a cabine [de voto]. Em época de eleições, esse assunto se torna muito abordado dentro de casa e isso ocorre de maneira consciente e livre, cada um procura sobre as propostas dos candidatos e vota no que mais lhe agrada”, aponta, ressaltando a necessidade de se votar “com mais sabedoria.”
A opinião é compartilhada por Letícia. “Acho que o meu voto, como o de todos que podem votar, é muito importante para a escolha do novo presidente do País (entre outros cargos”, diz.
INTEGRANDO NOVAS GERAÇÕES
Para diminuir a distância entre os órgãos eleitorais e os adolescentes, o TSE lançou a campanha Jovem Eleitor na semana passada. Além da plataforma própria que reúne informações sobre o tema, o tribunal promoveu um “tuitaço”, ou seja, uma agitação pelo Twitter, para incentivá-los a tirar o título. Até sexta-feira, foram postados cerca de 6,8 mil tuítes nessa mobilização, alcançando mais de 88 milhões de pessoas.
“Entre os tuítes mais republicados, destaque para o postado no perfil do TRE de Tocantins, seguido pelos publicados pelos times Flamengo e Corinthians e pelo próprio TSE. Até a fanbase do grupo de K-pop BTS entrou no movimento, sendo o quinto tuíte mais repostado”, informou o TSE.
“Além disso, fazemos também várias formações em escolas públicas e privadas, presencial e virtualmente, difundindo as formas de realizar o alistamento eleitoral, e ainda a ideia de cidadania, democracia e participação”, completou Marcel Almeira, coordenador de atendimento ao eleitor do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), sobre as ações no Ceará.
GARANTIR O TÍTULO
Jovens entre 16 e 18 anos, além da população maior de 18 anos, têm pouco mais de um mês para garantir o seu direito ao voto ainda no pleito deste ano: acaba em 4 de maio o prazo para tirar o título de eleitor. Como bem ressaltou Marcel, a emissão do documento pode ser feita pela internet, sobretudo porque o cadastro biométrico não será obrigatório no pleito deste ano.
Para conseguir o documento, é necessário acessar o sistema TítuloNet, do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e preencher seus dados pessoais, sobretudo a Unidade da Federação (UF) em que reside. Vale lembrar que esse será o seu domicílio eleitoral, ou seja, o estado onde votará nas próximas eleições.
Para realizar essa operação, é necessário ter em mãos um documento oficial de identificação brasileiro (carteira de identidade, de trabalho ou passaporte) e um comprovante de residência. O certificado de quitação de serviço militar só é exigido para homens com idades entre 18 e 45 anos.
Já quem prefere tirar o título presencialmente pode se dirigir, em Fortaleza, à sede do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) ou a uma unidade do Vapt Vupt na Capital. Todos esses órgãos exigem agendamento para atendimento e comprovante de vacinação contra a covid-19. Os documentos exigidos no ato são os mesmos apresentados na inscrição pela Internet.