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25 de abril de 2025

Novo rei, Charles III assume trono britânico em três meses

Realeza mais velha a assumir um trono, Charles é o primogênito da Rainha Elizabeth II. Monarca tem apreço por pautas ambientais, traço que deve marcar sua chefia de Estado
Camilla Parker Bowles e Rei Charles III
Foto: Reprodução/Facebook

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Charles Philip Arthur George é o primogênito da Rainha Elizabeth II e, portanto, quem assume o trono após a morte da monarca. Aos 73 anos, o membro da realeza britânica é a pessoa mais velha a aceder ao reinado. Contudo, antes do falecimento da mãe, Charles já vinha realizando algumas funções em decorrência das condições de saúde da rainha. O novo rei da Inglaterra escolheu ser chamado de Charles III e reina antes mesmo de ser coroado. A cerimônia oficial vai ocorrer em três meses.

Ambientalista de longa data, Charles busca chamar a atenção para o tema. O carro que ele possui há mais de 50 anos funciona com 85% de bioetanol, e 15% de gasolina sem chumbo. A mistura utiliza excedentes da produção de vinho e soro utilizados na fabricação de queijo. Charles tem perfil pouco popular entre os ingleses. Ele foi considerado o marido infiel de Lady Diana, de quem se divorciou em 1996. Depois disso, a popular princesa de Gales morreria num acidente de carro, o que piora a situação de Charles.

Posteriormente, ele se casa com Camilla Parker Bowles, apontada como o pivô da separação deles e caso antigo do novo rei. Agora, Parker assume o posto de rainha consorte. Além de péssimo marido, Charles também não foi visto como bom pai dos príncipes William e Harry. Como príncipe, Charles foi acusado de usar a influência para interferir em decisões governamentais. Margaret Thacher e Tony Blair, ex-ministros britânicos, reclamaram das tentativas de intromissão no processo legislativo.

Charles costumava enviar cartas na década de 1980 com o pseudônimo de “memorandos da aranha negra” para manifestar opiniões sobre o país. O perfil de Chales III difere muito em popularidade do apresentado por Elizabeth, explica o historiador Tito Barros Leal, professor de História da Universidade Vale do Acaraú de Sobral. Segundo o pesquisador, a rainha conseguiu inscrever a monarquia no universo pop.

“Não à toa você vai encontrar muito filme dos anos 1990, dos anos 1980, 2000 também, onde a figura real da Rainha Elizabeth é utilizada inclusive com plástica de comédia.” Segundo o especialista, o sucesso de popularidade pode inclusive ter garantido a permanência da monarquia na Inglaterra. Leal analisa que Charles certamente não terá esse carisma. Contudo, ele, menos reservado que a mãe, pode colocar em pauta de forma mais incisiva questões que considera relevantes, como a preocupação com a crise climática.

“Charles tem uma posição muito firme naquilo que diz respeito às questões ambientais. E talvez ele faça valer a sua voz nas decisões que venham a ser pensadas, deliberadas pelos governos que se estabeleçam no parlamento do Reino Unido. Desse modo, me parece que não será um rei tão capaz de fazer uso do seu silêncio para mostrar os seus desejos como a mãe.”

Igor Moura, advogado, pesquisador nas áreas de Direito Constitucional, Ciência Política e Teoria da Democracia, além de professor no Centro Universitário UniFanor, em Fortaleza, lembrou que Charles assume no período de início de um novo governo. Assim, para garantir boas relações com aliados externos ao Reino Unido, é esperada uma postura semelhante à da Rainha, com discrição. “Cabe a ele garantir a discrição nas relações familiares da realeza, para que não gerem impacto na consolidação do atual e novo governo”, afirma.

Como será a transição do reinado

O reinado de Charles será uma transição, explica o pesquisador Igor Moura. “Pois, primeiro, ele já estava assumindo parte das atribuições reais, participando de solenidades e compromissos tradicionais ao monarca. Em segundo plano, há uma preocupação em garantir a manutenção da estabilidade política, uma das marcas fundamentais do reinado de Elizabeth. Outro ponto em destaque é a necessidade do Reino Unido em consolidar as políticas econômicas do novo governo, em face do pós-pandemia e da sua saída da União Europeia, por meio do Brexit, o que por aí só foi bastante tumultuado, nos últimos anos”, apontou.

Segundo o especialista, não é o momento adequado para dar protagonismo à família real, mas de manter a tranquilidade e continuar o legado da rainha. Segundo Moura, a postura da falecida monarca permitiu a garantia da estabilidade política na Inglaterra durante o governo de 15 primeiros-ministros, ao longo de 70 anos de reinado.

Isto, em meio à guerra fria e conflitos internacionais em que o seu país sempre esteve como protagonista, junto de outras potências internacionais, como os EUA. “Charles deve seguir a mesma toada, buscando fortalecer a unidade política e o papel do Reino Unido no cenário internacional”, conclui.

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