Um projeto para a criação de um corredor cultural em Fortaleza vem sendo coordenado pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ainda sem data prevista para ser concluída, a proposta, que reúne a Universidade, a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado, prevê a modificação estrutural de toda a área que vai da Reitoria, no Benfica, à Estação das Artes e, em seguida, ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema.
A inciativa tem orçamento avaliado em R$ 197.054.850. Deste total, R$ 82 milhões serão usados em intervenções viárias e urbanísticas, divididas em três fases. Fase 1: Avenida da Universidade (R$ 36.088.500,00) e Avenida 13 de Maio, entre as Rua Marechal Deodoro e a Avenida Carapinima (R$ 17.235.000,00); Fase 2: Praça José de Alencar (R$ 17.235.000,00); Fase 3: Estação das Artes (R$ 10.711.500,00), produção e plantio de mudas (R$ 500.000,00) e projetos executivos (R$ 440.000,00).
Os outros R$ 115.054.850,00 previstos serão utilizados para a construção de novos edifícios e reformas em edifícios já existentes da UFC. São eles: Instituto de Arquitetura, Urbanismo e Design da UFC (R$ 49.991.490,00); Museu de Arte da UFC (R$ 27 milhões); térreo da Reitoria (R$ 7.170.000,00); Concha Acústica (R$ 1.172.500,00); Casas de Cultura (R$ 8.024.700,00); Torrinha (R$ 548.280,00); Imprensa Universitária (R$ 5.395.680,00); Rádio Universitária (R$ 1.384.140,00); Centro de Especialidades Médicas da UFC (R$ 639 mil); Casa Amarela (R$ 2.546.580,00); Restaurante Universitário (R$ 2.869.830,00); Teatro Universitário/Pró-Reitoria de Cultura da UFC (R$ 2.268.000,00); Escola de Extensão de Música (R$ 3.745.000,00).
Segundo o reitor da UFC, Custódio Almeida, em entrevista exclusiva ao OPINIÃO CE, a ideia é que seja realizada uma mudança na estrutura da cidade, nas áreas em que o corredor vai passar. Para isso, há a expectativa de que seja criada uma legislação específica para o projeto. Dentre as alterações previstas, estão:
- Retirada do asfalto para utilização de outro tipo de piso;
- Estímulo à chegada de equipamentos culturais;
- Diminuição da faixa de automóveis;
- Criação de áreas específicas para o pedestre;
- Construção de paradas de ônibus com rede wi-fi;
- Retirada da fiação aérea, com a instalação de fios subterrâneos;
- Ampliação da ciclofaixa; e
- Plantação de árvores.

O coordenador da iniciativa, Newton Becker, Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) e professor adjunto do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design (Daud) da UFC, enviou o projeto ao OPINIÃO CE. Nele, são dispostas dez premissas. São elas: redução no uso de combustíveis fósseis; aumento da estocagem de carbono; uso de soluções baseadas na natureza; mitigação de riscos de desastres; promoção da igualdade racial e de gênero, por meio de oportunidades equitativas a todos os usuários; estabelecimento de mecanismos de governança participativa; adotar a abordagem de adaptação antes da construção; promoção à sociobiodiversidade e a bioeconomia; reconhecer a atuação dos seres humanos nos impactos à sociedade; e assumir a liderança na promoção de novos paradigmas urbanos.
IDEIA ANTIGA, PROJETO NOVO
Como lembrou o reitor, a ideia não é nova, mas o projeto, sim. “O projeto anterior, por exemplo, não lembro se ele pensava em mexer na estrutura física como estamos pensando. Estamos pensando em preparar fisicamente o espaço para que ele seja visto”, afirmou. “As ideias estão crescendo muito e o local, de fato, se tornará um local para ser, inclusive, replicado, para mostrar que a gente pode dar soluções criativas para a cidade, onde as pessoas vão se encontrar na rua”.
“A ideia do Corredor Cultural é a de que seja um grande equipamento cultural a céu aberto. Se você for para o Corredor Cultural, você vai encontrar muitas coisas, você vai encontrar teatro, manifestações de ruas, restaurantes e bares, é um local aprazível para o pedestre transitar”, completou.
Outra modificação em relação ao que era pensado anteriormente seria a criação de distritos. “O desenho que está sendo feito é criar um Distrito de Inovação em Saúde no Porangabuçu, criar um Distrito Cultural do Benfica e criar um Distrito Cultural da Praia de Iracema. O corredor tem capacidade de ir até Porangabuçu e ligar os distritos”. Para isso, seria necessária a criação de uma legislação específica junto à Prefeitura de Fortaleza para a definição das áreas com prioridade naquilo específico ao distrito.

IMPACTO NO TRÂNSITO E ROTAS ALTERNATIVAS
Ainda de acordo com Custódio, o projeto vai dar prioridade aos pedestres. Portanto, é esperado um impacto ao trânsito de Fortaleza. Pensando nisso, o Departamento de Engenharia e Transportes da UFC desenhou alternativas para que tenham menos efeitos negativos no tráfego diário. “Você vem pela Avenida João Pessoa, onde começa o Corredor Cultural. Você tem a alternativa de andar rápido para chegar ao destino, se for no Centro, por exemplo, ou tem a alternativa de entrar no corredor cultural, ou de carro, ou de ônibus”, disse.
“Mas se entrar [no Corredor Cultural] você vai ter que andar bem mais lentamente, porque o piso é diferente e as barreiras são diferentes”, concluiu o reitor.
Sobre este ponto, o projeto dispõe sobre o desvio de tráfego para o andamento do trânsito na Capital cearense. No cruzamento da Avenida da Universidade com a Rua Padre Francisco Pinto, no sentido Parangaba-Centro, os automóveis deverão dobrar à esquerda para pegar a Avenida Carapinima – continuação da José Bastos -, caso queiram se locomover em velocidade.
Para quem vem da Avenida 13 de maio à Universidade, a alternativa aponta para que os motoristas dobrem à direita na Rua Marechal Deodoro, antes do Centro de Humanidades 1. No desvio de tráfego solicitado pela equipe que coordena o projeto, os veículos devem pegar a Rua Juvenal Galeno – primeira à esquerda após entrar na Marechal Deodoro – e atravessar o Corredor Cultural para chegar ao seu destino.