A Avenida Beira Mar é uma representação autêntica de Fortaleza. Há versos, pinturas, fotos e músicas falando daquele trecho tão significativo. A nova estrutura inaugurada nesta sexta-feira, 21, reforça também a dimensão política que tem. Esse status vem sendo esboçado faz algumas décadas. Primeiro, quando foi aberta 60 anos atrás. Depois, quando, nos anos 1970 e 1980, ganhou estúdios de emissoras de rádio e, além de acolher boêmios seresteiros, se tornou point da juventude na chamada “Volta da Jurema”. Nos anos 1990, recebeu novo trato quando o então prefeito Juraci Magalhães construiu o aterro da Praia de Iracema.
Agora, pelas gestões de Roberto Cláudio (2013-2020) e José Sarto (desde 2021), obtém nível de superprodução urbana. E, como nunca deixou de ser, se encaminha para ser estampada com destaque na retórica eleitoral. A relevância da Beira Mar é tão grande para a cidade – comporta economia, ecologia, turismo, cultura, gastronomia, moda e esporte, por exemplo – que há de ser desafiador criticá-la como necessidade, projeto, investimento ou realização.
Mais uma dose
O deputado Luiz Henrique (Republicanos), autoproclamado “apóstolo”, quer tornar obrigatória no Ceará, em “eventos artísticos, culturais e esportivos, a inserção de mensagens educativas alertando para os malefícios e os riscos decorrentes do uso indevido de drogas ou substâncias entorpecentes”. Vai querendo.
Como é que faz?
Sem querer cortar o barato do deputado Luiz Henrique, mas será que alguém já explicou a ele que os grandes eventos aqui e alhures são patrocinados por empresas que fabricam e vendem bebidas com álcool? E que ganham muito, muito dinheiro com isso? O cardápio varia de vinho a vodca, cachaça a cerveja.
Tudo certo pra dar errado
Filho 03 do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) arrumou novo meio de vida. Está agora vendendo um curso para direitistas. Mas é necessário que se diga: Eduardo, o vulgo “Bananinha”, está prometendo o que não pode entregar. Diz que o curso tratará de jornalismo, feminismo, eleições, meio ambiente, armas, aborto, ideologia de gênero, economia, racismo, e outros. Mas como ele – e outros “luminares” conservadores, como Mário Frias, Damares Alves e Ricardo Salles, anunciados como expositores – vão falar do que não sabem?
Usina de fake news
Aliás, será prudente que o Ministério Público e a Justiça Eleitoral fiquem de olho nesse curso. Eduardo Bolsonaro está dizendo que os alunos terão como “bônus” uma aula sobre como escolher seus candidatos em 2022, além de (acredite!) resenhas de livros que leu e estudos que realizou.