Faltando poucas horas para o fim do primeiro mês da quadra chuvosa (de fevereiro a maio) no Ceará em 2023, o Estado se prepara para a sequência do período chuvoso, que deve apresentar irregularidades nas precipitações, no tempo e no espaço. Prognóstico divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) para o próximo trimestre (março, abril e maio de 2023) mostra 40% de probabilidade para chuvas acima da normalidade, 40% em torno dela e 20% abaixo da normal observada no período (482 mm).
Segundo Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Funceme, uma das dificuldades encontradas deverá ser justamente a irregularidade das chuvas. Isso pode dificultar, por exemplo, a recarga hídrica de alguns reservatórios considerados estratégicos no Ceará. “Poderão ocorrer períodos de mais chuva, menos chuva e estiagem”, explica. “Outro ponto importante é a irregularidade espacial na distribuição. Esse fato também está sendo aprovado pelos modelos de previsão“, frisa.
“Igual probabilidade para acima da normal ou em torno da normal refletem as incertezas envolvidas neste prognóstico. Essas incertezas estão relacionadas principalmente a condições oceânicas. Em relação ao Oceano Pacífico, podemos observar que as temperaturas das águas ainda permanecem ligeiramente abaixo da normal, no Oceano Pacífico, característica de uma La Niña de fraca intensidade“, aponta.
Segundo ela, a tendência para o Oceano Atlântico, por sua vez, permanece em condições neutras, mas chama atenção “algumas áreas de aquecimento no Atlântico Norte”. “Esses padrões devem afetar as precipitações em março, abril e maio”, explica.
Segundo semestre
Outro ponto que merece preocupação, de acordo com Sakamoto, é em relação ao Oceano Pacífico para o segundo semestre do ano. “Alguns modelos já estão indicando que essa tendência da La Ninã enfraquecendo e depois de neutralidade, pode levar a um aquecimento do Oceano Pacífico. A gente até pode ter uma condição de fenômeno conhecido como El Niña no final do ano de 2023 e início do ano de 2024. É claro que essas condições não afetarão as chuvas deste ano, mas merecem nossa atenção aqui”.
Fevereiro
De acordo com dados da Funceme, o balanço parcial de fevereiro aponta para chuvas dentro da média. Segundo a Fundação, inclusive, em apenas em três dias do intervalo não houve precipitações em todas as macrorregiões – até o momento. (dos dias 3 ao 4, 11 ao 12 e 12 ao 13). O litoral de Fortaleza é a região com maior volume médio de chuvas observado neste mês, com 174 mm.
A partir do dia 23, puderam ser observadas precipitações mais expressivas no território cearense. Das 7h do dia 22 às 7h do dia 23, as 24h com mais precipitações no mês de fevereiro no Ceará, 175 municípios foram agraciados com chuva. Do dia 23 ao dia 24, do dia 24 ao dia 25 e do dia 25 ao dia 26, total de 164, 127 e 110 municípios do Estado tiveram chuvas, respectivamente. Dados do dia 27, inclusive, mostram que, neste ano, fevereiro (121,3 mm) já teve maior volume médio observado do que no mesmo período do ano passado, quando choveu o acumulado de 64,5 mm.
Previsão
Conforme a Funceme, as últimas horas de fevereiro indicam chuvas reduzidas no Ceará, com tendência de precipitações isoladas e fracas no Maciço de Baturité, Ibiapaba e na faixa litorânea. Para esta segunda-feira, 27, espera-se céu variando de poucas nuvens a sem nuvens em todas as macrorregiões com chuvas pontuais ao longo do dia. Já na terça, 29, a Funceme indica cenário semelhante, apenas com chances de chuva fraca e isolada na Ibiapaba, Litoral Norte, Litoral do Pecém entre tarde e noite.
No Cariri e Sertão Central e Inhamuns, no período da noite. Para Fortaleza e Região Metropolitana, não há expectativa de precipitações. O atual cenário se dá pelo afastamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é o principal sistema indutor de chuva nesta época do ano.
*Com colaboração de Felipe Barreto.