No período natalino, as confraternizações batem à porta. Como sempre, o encontro da turma do racha acontece no BNB Clube. Em anos anteriores, as presenças eram bem mais constantes. Pois é, diz a turma que eu já jogava muita bola. Por pouco, não me profissionalizei como jogador de futebol. Outros amigos da turma o fizeram, mas no Futebol do Salão (é o novo!). Cada um, a seu tempo, foi chegando e eram recebidos com sorrisos, beijos e aquele abraço. À tarde, posta sobre a mesa – memórias de amigos que já partiram, nostalgia, alegrias e reflexões sobre as coisas da vida. Fiquei ali, a observar as recepções e comentários: “Meu irmão, você está muito barrigudo!”; “Esse bicho não envelhece não”; “E aí, a mulher deixou?”, etc e tal. Entre um copo e outro, no entreouvido da conversa, as preocupações eram outras: trabalho, filhos, esposas, vida a dois sem filhos, doenças e, como sempre, política e futebol. A despeito das aparências e preocupações, algumas alegrias em comum: todos trabalhando, cheios de sonhos e projetos, curtindo a vida como ela é. Envolvidas pelo espírito natalino, as pessoas e grupos nos enchem de textos e reflexões, como esta que recebi sobre o envelhecimento: “Aos 60 anos, o local de trabalho começa a eliminar você. Aos 65 anos, não terá mais espaços no seu trabalho, ainda que tenha sido bem-sucedido, você voltará a ser uma pessoa comum. Aos 70 anos, a sociedade gradualmente irá eliminar você. Aos 80/90, será a família que lentamente eliminará você”. Triste saber que os amigos e colegas que você costuma se encontrar e socializar, dividir tristezas e alegrias, assistir ao futebol no barzinho, tomar umas, mostrar e ouvir canções, curtir uma crônica bem escrita e a declamação de um belo poema, filosofar sobre a vida, e discutir sobre política e futebol e “outras cositas más”, vão se tornar cada vez menos presentes. Cá com meus botões, fiquei a filosofar sobre o sentido da vida, o agir humano, nossas decisões certas ou erradas, os encontros e despedidas e a vida como ela é. E por falar em erros e acertos do passado, a gente nunca erra quando age, pois as nossas decisões são tomadas com a consciência que tinha do que seria o certo e o errado naquele momento e, portanto, não há porque ter arrependimento. “Os pecados são todos meus/ Deus sabe a minha confissão/ Não há o que perdoar/ Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão”, como nos ensina Gil em sua canção “Drão”. Para completar o espírito nostálgico natalino, recebi o poema “Passo e fico, como o universo” de Fernando Pessoa, declamado pelo ator Lima Duarte, 94 anos, de forma emocionante, pelo menos para os que filosofam sobre as coisas da vida: “As coisas que errei na vida. Sei que as verei na morte. Porque a vida é dividida. Entre quem sou e a sorte. As coisas que a sorte me deu. Levou-as, ela, consigo, mas as coisas que sou eu. Guardei-as todas comigo. E por isso que os erros meus, sendo a má sorte eu tive, sei que os verei no céu. Quando a morte tire os véus. À insciência em que estive”.

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