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8 de fevereiro de 2025

Não são “inocentes úteis.” São, sim, “idiotas úteis” – e isso não os torna menos perigosos e nocivos

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O líder da agressão à Democracia está identificado. Embora tenha fugido do País antes mesmo de acabar o mandato presidencial que recebeu em 2018, nunca fez questão de se esconder. É Jair Bolsonaro – pode parecer até uma bobagem repetitiva afirmar isso, visto que não há máscaras que o escondam no caótico cenário. O que se pretende aqui, porém, é observar o quanto o bolsonarismo se fez enraizar nas mentes, nas emoções e nos atos de uma leva de “idiotas úteis”, entre os presentes ao ataque ao Congresso, ao STF e ao Palácio do Planalto e os que tiveram vontade de ir.

Recuso a expressão “inocentes úteis”, considerando que ninguém é inocente ao ponto de se deixar levar por um amigo de milicianos para se expor confrontando a lei e a ordem de formas tão escancaradas e abjetas. Idiota, sim; inocente, nunca.

Imagens de uma fileira de detidos destacam um grupo de pobres-diabos, com aparência de mal-remunerados, utilizado para invadir, depredar e inutilizar não apenas estruturas públicas que servem à administração, mas o próprio funcionamento do País, a própria República.

Não há, entre os detidos, ninguém com nome e sobrenome de celebridades da direita hidrófoba – esses, como o próprio Bolsonaro, o ex-ministro Anderson Torres, os generais Braga Neto e Heleno Augusto e os comentaristas-golpistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo (neto do ditador João Batista Figueiredo, um cavalo-batizado que governou o Brasil entre 1979 e 1985). Ao contrário, é tudo arraia-miúda, piaba num oceano de tramoias e dinheiro frouxo de empresários e políticos inimigos da Democracia.

Mas há, entre as muitas horas de filmagem colhidas até pelos “idiotas úteis”, representações de uma certa e pueril, mas não inofensiva, inconsequência – idosos, entre muitos, carregando cadeiras de praia e caixas de isopor, com comida e bebida, certamente achando que participariam de um piquenique nos gramados da Praça dos Três Poderes.

Há também os que levaram crianças para o espetáculo de destruição que estarreceu o mundo. Há os que sorriram para fotos diante dos prédios invadidos. Ou os que, antes, produziram filmetes em ônibus quando se encaminhavam para os palcos da barbárie. Há, por fim, os militares que se fizeram cúmplices dos criminosos.

O que ilustra melhor a presença de Bolsonaro na hostilização da Democracia talvez seja o gesto do bolsonarista que defecou na sala que o ministro Alexandre Moraes ocupa no STF. O autor da obra ainda (ainda!) não foi identificado, mas é impossível não se enxergar o mentor.

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