A cidade de Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza, registrou a oitava maior taxa de homicídios do Brasil entre os municípios com mais de 100 mil habitantes em 2023. Além disso, o Ceará figurou como o quarto estado mais violento do País em 2023. Com uma taxa de 35,4 MVIs por 100 mil habitantes, o Estado só ficou atrás de Bahia (46,5 MVIs por 100 mil), Pernambuco (40,2 MVIs por 100 mil) e Amapá (69,9 MVIs por 100 mil). Entre as capitais, Fortaleza foi a 10ª com maior taxa de homicídios, registrando 31,2 MVIs por 100 mil habitantes. A maior taxa foi a de Macapá-AP (71,3 MVIs por 100 mil) e a menor a de São Paulo-SP (7,1 MVIs por 100 mil).
Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, publicado nesta quinta-feira (18) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Conforme o levantamento, Maranguape teve, no ano passado, uma taxa de 74,2 Mortes Violentas Intencionais (MVIs) para cada 100 mil habitantes.
Na classificação utilizada pelo Anuário, mortes violentas intencionais são a soma dos casos de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora. Os números foram repassados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) ao FBSP.
Os municípios mais violentos do Brasil em 2023 foram Santana-AP (92,9 MVIs por 100mil), Camaçari-BA (90,6 MVIs por 100mil), Jequié-BA (84,4 MVIs por 100 mil), Sorriso-MT (77,7 MVIs por 100 mil), Simões Filho-BA (76,8 MVIs por 100 mil), Feira de Santana-BA (75,9 MVIs por 100 mil) e Juazeiro-BA (74,5 MVIs por 100 mil). Depois de Maranguape, aparecem Macapá-AP (71,3 MVIs por 100 mil) e Eunápolis-BA (70,4 MVIs por 100 mil).
Entre 2022 e 2023, os homicídios cresceram 85,7% em Maranguape. Foram 42 Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) em Maranguape em 2022, enquanto, em 2023, o número subiu para 77. O CVLI é um indicador elaborado pela SSPDS que reúne homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte.
REDUÇÃO
Ao OPINIÃO CE, a SSPDS que foram realizadas, neste ano, em Maranguape, ações integradas com o intuito de coibir os Crimes Violentos Letais Intencionais. Em junho de 2024, os CVLIs reduziram 55,5% na região. Ao todo, foram quatro mortes violentas contra nove crimes no mesmo período de 2023. Os dados foram extraídos do Painel Dinâmico da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública.
“Por meio da união entre Polícia Militar do Ceará (PMCE) e a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) foram recolhidas 43 armas de fogo em Maranguape, entre janeiro e junho de 2024. O total de apreensões representa um aumento de 19,4% nas apreensões realizadas na cidade no primeiro semestre de 2023, quando foram apreendidas 36 armas”, informou a SSPDS, em nota.
“Os resultados positivos são uma resposta da integração entre o trabalho ostensivo, de investigação e de inteligência. No primeiro semestre deste ano, por meio de uma análise estratégica dos indicadores criminais, a Coordenadoria de Planejamento Operacional (Copol/SSPDS) realizou operações para a realização de abordagens preventivas e para fortalecer a presença das Forças de Segurança no município”.
BRASIL
Seguindo a tendência latino-americana, o Brasil conseguiu reduzir em 3,4% o número de mortes violentas intencionais. A taxa de mortalidade ficou em 22,8 por 100 mil habitantes. No último ano, o País registrou 46.328 casos do tipo, o menor número em mais de uma década. Na ampla maioria dos casos (73,6%), as armas de fogo foram o instrumento usado para matar. As regiões Nordeste e Norte continuam liderando o ranking de regiões mais violentas do País. No Nordeste, a taxa de MVI é 60% superior à média nacional; na região Norte, 48,8% mais elevada.
“Nessas duas regiões estão localizados os estados que estão convivendo com um quadro acentuado de disputas entre facções de base prisional por rotas e territórios e, ao mesmo tempo, concentram a maioria dos estados com altas taxas de letalidade policial”, explica o presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima.
Foram 6.393 mortes por intervenções policiais, em 2023, de acordo com o Anuário, e uma taxa de 3,1 por 100 mil habitantes. O crescimento desses números desde 2013 chama a atenção: 188,9%.