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1 de dezembro de 2023

Rádio opinião

Moro afirma ter recebido R$ 3,7 milhões por serviço para consultoria dos EUA

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O pré-candidato à presidência da República Sergio Moro (Podemos) revelou nesta sexta-feira (28) que recebeu R$ 3,7 milhões pelos serviços prestados para a consultoria americana Alvarez & Marsal.

A revelação aconteceu durante transmissão ao vivo na internet, ao lado do deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP), seu aliado político. A informação foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo.

Ao Painel, Moro havia também dito que os valores recebidos “não chegavam nem perto” dos milhões que vinham sendo cogitados.

Os valores recebidos tornaram-se no último mês foco de pressão sobre o pré-candidato e deve dar munição para ataques durante o período de campanha eleitoral. Isso porque a Alvarez & Marsal foi nomeada judicialmente para administrar a recuperação judicial de firmas que foram alvos da Lava Jato – em sentenças assinadas pelo próprio ex-juiz.

O TCU (Tribunal de Contas da União) instaurou procedimento, sob a relatoria do ministro Bruno Dantas, para averiguar suposto conflito de interesse na atuação de Moro. Além disso, parlamentares iniciaram um movimento para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a questão. A iniciativa, no entanto, perdeu força nos últimos dias.

Entenda
O ex-juiz da Lava Jato assinou contrato para trabalhar como consultor do braço investigativo da Alvarez & Marsal em novembro de 2020, sete meses após deixar o Ministério da Justiça do governo Jair Bolsonaro. Ele permaneceu prestando consultoria até o fim do ano passado, quando deixou a função e se filiou ao Podemos com o intuito de disputar a presidência da República. O processo no TCU foi iniciado em dezembro do ano passado, após representação do subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado.

O subprocurador queria esclarecimentos sobre eventuais prejuízos aos cofres públicos a partir da prática ilegítima denominada “revolving door” -na qual servidores públicos atuam como consultores na iniciativa privada nas mesmas áreas em que costumavam atuar anteriormente.

Em documentos enviados ao TCU, a Alvarez & Marsal expôs que, até dezembro de 2021, recebeu ao menos R$ 42,5 milhões em honorários de empreiteiras investigadas pela Lava Jato ao administrar seus processos de recuperação judicial: a Galvão Engenharia, a OAS e empresas do Grupo Odebrecht.

A Alvarez & Marsal, no entanto, vinha opondo resistência a divulgar os rendimentos de Sergio Moro. A defesa da empresa se baseou em precedentes do Supremo Tribunal Federal para tentar barrar a tentativa do TCU de obter as informações de maneira oficial.

Consultoria
Sergio Moro, por sua vez, vem afirmando que prestou consultoria em uma área da empresa que não teria ligação com o braço de atuação da mesma consultoria no Brasil envolvendo as construtoras brasileiras investigadas pela Lava Jato e condenadas em processos que ele próprio coordenou.

O pré-candidato afirmou que era “perseguido” por ter combatido a corrupção e chegou a chamar de “maluquice” as ações para que ele revelasse os valores recebidos por esses serviços.

“Eu sou o único cara desses daí [pré-candidatos à Presidência] que pode falar ‘eu combati a corrupção’. E estou sofrendo. É pura perseguição porque o cara não tem nada para falar do que eu fiz e fica inventando um monte de maluquice”, disse em entrevista ao Flow Podcast, na segunda-feira (24).

Aliados do ex-juiz afirmam que a decisão de divulgar os valores recebidos não se deu pela pressão exercida pelo TCU e pela ameaça de instalação de uma CPI. Defendem que a revolução tinha o objetivo de colocar um ponto final nos questionamentos de forma rápida, para evitar que o assunto ganhasse novas proporções. Inicialmente oposto à iniciativa, à Moro teria aceitado conselhos de seus aliados.

Também nesta semana, a Folha revelou que o ex-juiz Sergio Moro recebeu cerca de R$ 200 mil por um parecer de 54 páginas que emitiu em novembro de 2020 em resposta a uma consulta do empresário israelense Beny Steinmetz, em um caso de litígio internacional bilionário contra a brasileira Vale.

O trabalho conclui de forma contrária aos interesses da mineradora brasileira e é favorável aos do israelense.

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