O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, afirmou que suspenderá as mais de 500 operações da corporação sobre transporte público de eleitores neste domingo, 30, dia do segundo turno das eleições. Mais cedo, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou que o diretor interrompesse “imediatamente” as operações. O magistrado determinou, ainda, que Vasques prestasse imediatamente informações sobre as razões para a realização de operações policiais que tiveram imagens divulgadas em redes sociais.
Moraes estabeleceu que, se Vasques não cumprir a ordem, receberá multa pessoal e horária de R$ 100 mil e sofrerá imediato afastamento das funções e prisão em flagrante por desobediência e crime eleitoral. As informações são do blog da jornalista Andrea Sadi, do G1.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, a quem a PRF é subordinada, foi escalado pelo presidente Jair Bolsonaro para colocar nas ruas a operação. Torres é um dos principais aliados de Bolsonaro e, segundo reportagem do G1, teria ciência do mapa de integrantes da campanha do presidente em que foram apontadas as regiões do País onde Lula é mais forte – principalmente no Nordeste. Torres passou a semana em contato com assessores do presidente, além de ter estado com Bolsonaro na quarta-feira, 26.
Moraes apontou, no despacho, uma publicação no Twitter do prefeito da cidade paraibana de Cuité, Charles Cristiano Inácio da Silva, que mostra uma viatura e agentes da PRF parados às margens de uma rodovia e abordando motoristas.
🚨 Grave: Charles Sílvia, prefeito de Cuité (Paraíba), denuncia blitz da PRF na entrada de sua cidade com o objetivo de impedir o exercício do direito de voto hoje (cc @TSEjusbr @alexandre) pic.twitter.com/8KSgmVdkNx
— Jeff Nascimento (@jnascim) October 30, 2022
O Tribunal Superior Eleitoral foi acionado pela coligação do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alegando que a PRF estaria fazendo operações e dificultando o transporte público de eleitores. No sábado, 29, o TSE já havia determinado que a PRF não fizesse operações no transporte público, para não atrapalhar a votação. Após relatos de descumprimento da ordem, Moraes determinou que Vasques dê esclarecimentos imediatos.
“Oficie-se, com urgência, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal para informar imediatamente sobre as razões pelas quais realizadas operações policiais […] relacionadas ao transporte público de eleitores”, escreveu.
Na noite do sábado, 29, Silvinei Vasques postou no Instagram um pedido de voto ao presidente Jair Bolsonaro. Pouco depois, apagou o post.
