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25 de março de 2025

Ministro nega ter falado com Bolsonaro sobre inquérito de Milton Ribeiro

Foto: Divulgação

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Áudio tornou-se impulsionamento para que senadores voltassem a dialogar com mais força sobre a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito do Ministério da Educação

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O titular do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Anderson Torres, negou neste domingo, 26, que tenha conversado com o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a Operação Acesso Pago contra o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, durante viagem aos Estados Unidos.

Torres classificou como “especulação” a suspeita de que possa ter repassado a Bolsonaro informações a respeito da investigação da Polícia Federal sobre o gabinete paralelo do Ministério da Educação (MEC).

“Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem”, afirmou Torres, em seu perfil oficial no Twitter. O ministro não esclareceu se tratou dos planos da PF e da investigação com o presidente antes ou depois da viagem aos Estados Unidos.

Foi a primeira manifestação do ministro da Justiça sobre o caso. Até então, Presidência da República e Ministério da Justiça não haviam se pronunciado. O Ministério Público Federal (MPF) encontrou indícios de que o presidente Bolsonaro possa ter interferido ilegalmente na investigação e que a operação da PF vazou. Por isso, o caso ficará com o Supremo Tribunal Federal (STF).

O delegado responsável pelo caso, Bruno Calandrini, diz que houve tratamento privilegiado ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por parte da cúpula da PF e não ter autonomia para tocar a investigação. Preso na operação, Milton Ribeiro disse que o presidente contou a ele, em um telefonema, que acreditava que havia chances de busca e apreensão contra o ex-ministro. O diálogo foi interceptado pela PF, subordinada a Torres.

“Hoje o presidente me ligou Ele tá com um pressentimento novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa”, relatou o ex-ministro em ligação com a filha. No dia da chamada, 9 de junho, Bolsonaro estava em viagem aos Estados Unidos.

Anderson Torres acompanhou a comitiva presidencial na visita. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na quarta-feira, 22, na Operação Acesso Pago, que chegou a prender, além de Milton Ribeiro, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Os três foram liberados após Habeas Corpus (HC) para aguardar as investigações em liberdade.

CPI DO MEC
O áudio tornou-se impulsionamento para que senadores voltassem a dialogar com mais força sobre a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito do Ministério da Educação (CPI do MEC). Segundo Randolfe Rodrigues (Rede-AP) – que ainda em março buscou as 27 assinaturas necessárias para protocolar um pedido de CPI no Senado, mas não teve êxito – o documento será apresentado nesta terça-feira, 28.

Até a última sexta-feira (24), quando o áudio veio à tona, o requerimento tinha 29 assinaturas. Presidente da Casa, Rodrigo Pacheco disse na semana passada que o documento será analisado à luz das regras do Regimento Interno do Senado Federal.

Ano passado, para criar a CPI da Covid – que investigou a gestão do presidente Jair Bolsonaro na pandemia no Brasil – Pacheco abriu a CPI após decisão do STF, que disse que os elementos apresentados para a instalação da CPI da Covid cumpriam os requisitos previstos na Constituição Federal.

Caso a CPI do MEC seja criada, a tendência é de que haja desgaste para o governo de Bolsonaro, dado os laços estabelecidos entre o presidente da República e Milton Ribeiro, acusado de facilitar repasse de recursos a pastores a mando de Bolsonaro. (Com Agências)

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