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7 de setembro de 2024

Mens Sana In Corpore Sano (“mente sã em corpo são”)

Os técnicos de ginástica artística estimam entre 5 e 7 anos a idade ideal para o início das atividades especificas
Rebeca Andrade, campeã olímpica. Foto: Ricardo Bufolin/CBG

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De olho nas Olimpíadas, acompanho pela TV a conquista da medalha de bronze da equipe brasileira feminina de ginástica artística. Provas, vitórias, derrotas, gestos, sentimentos nas lágrimas de perdedores e vencedores. Sonho e superação. Sonho porque acreditavam que, um dia, se tornariam campeãs e superação porque a carreira dura pouco e, para atingir os objetivos que desejam, devem se esforçar ao máximo. Os técnicos de ginástica artística estimam entre 5 e 7 anos a idade ideal para o início das atividades específicas. E aí se incluem conteúdos que despertem o gosto pela prática e foco na formação da base motora. Como é uma modalidade esportiva individual, é inevitável que se estimulem as comparações durante a participação em competições.

Manuais de iniciação esportiva rezam que, nessa faixa etária, a criança deveria ser incentivada a aprender o controle e o conhecimento do seu próprio corpo e que atividades como correr, andar, nadar, saltar e arremessar são benéficas e suficientes para desenvolverem o esquema corporal e a orientação de espaço e tempo. Devem ser evitadas as competições esportivas e, caso existam, que sejam restritas ao ambiente escolar e sem a participação dos pais.

A contradição salta aos olhos. Se por um lado é emocionante ver 15 meninas e mulheres derramando lágrimas prontas para receberem suas medalhas por conta de suas extraordinárias atuações, por outro lado o preço que pagam com sua saúde é muito caro. Como exemplo, as duas ginastas mais badaladas do momento. A norte-americana Simone Biles desistiu das Olimpíadas de Tóquio, há três anos, por conta de um apagão mental, conhecido como twisties, e explicou aos jornalistas: “Assim que eu piso no tablado, sou só eu e minha cabeça lidando com demônios. Tenho que fazer o que é certo para mim, me concentrar na minha saúde mental e não prejudicar minha saúde e meu bem-estar. Não confio tanto em mim como antes.”

Em 2015, a brasileira Rebeca Andrade precisou fazer uma cirurgia por ter rompido o ligamento cruzado anterior do joelho da perna direita. Evidente que são ossos do ofício e cada um escolhe o que faz, mas os prejuízos causados pela competição infantil precoce estarão sempre presentes em nossa vida e, embora estejamos vivendo uma Olimpíada, é bom descartarmos a visão elitista de que o esporte é só medalhas.

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