Há poucos dias me deparei na rede social com a imagem do que seria a capa do novo livro de Marcelo Mirisola. O escritor outrora publicado por grandes editoras como Record e 34, agora ressurge publicado por ele mesmo. Mirisola tem fama de persona non grata no meio cult e literário, talvez pelo seu jeito e por sua literatura diferente. Ele precisou abrir uma editora (Velhos Bárbaros – nome legal e sugestivo, o mascote é legal também) para lançar seu novo romance Espeto Corrido.
O mais novo rebento da criatividade literária poderia ser lançado simplesmente como edição do autor, ou algo do tipo. Mas se tratando de MM a inventividade vai longe. Cria editora, torna-se editor, publicitário e vendedor de livros. Mirisola é autor de excelentes títulos de literatura contemporânea transgressora. Seus personagens são geralmente homens que vivenciam tragédias amorosas e tentam lidar com isso de alguma maneira que seja possível. Ele não tem medo das palavras, escreve como se não houvesse censura (editorial, comercial, do público), mas infelizmente ainda há.
Tive a honra de trocar algumas mensagens com o autor de Hosana na sarjeta, Quanto custa um elefante? e A fé que perdi nos cães, livros que li. Elogiei o citado trio para o seu criador, que disse que são livros meia-boca. Recomendou-me melhores: O azul do filho morto, Bangalô e Joana a contragosto. Na mesma rápida conversa aproveitei para adquirir o meu Espeto. Por enquanto, a compra é feita com o próprio Marcelo. A editora produz sob demanda, “igual padaria”, palavras dele.
Num País em que livrarias são cada vez mais raras e que pouco lê, os escritores se reinventam, ressurgem, teimam. Criam sua própria editora, escrevem e editam seu próprio livro, divulgam e vendem a criação. Sucesso, Mirisola! Ou pelo menos, siga escrevendo e publicando, da forma que for possível.