Um total de 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. Esta é a capacidade do açude Castanhão, o maior do Ceará. O Castanhão está no meio de uma rota hídrica projetada para receber água em abundância, que vem desde o extremo sul do estado e segue caminho por outros açudes de pequeno, médio e grande portes, numa corrente hídrica.
Claro que todo esse roteiro depende de chuva, mas a estratégia de armazenamento busca o aproveitamento total da soma de fatores que levam em consideração a irregularidade climática da nossa região.
Já estive uma dezena de vezes no Castanhão.
Vi o sol nascer e se pôr numa paisagem que, embora extremamente modificada pela engenharia de barragem, ainda guarda particularidades essencialmente sertanejas. Conheci as “casas de máquinas”, os computadores que geram informações em tempo real, as comportas que barram a água, o paredão de blocos de concreto que dividem a água acumulada e sua jusante.
Percorri todo o entorno, em visitas humanizadas, conhecendo a história do açude e de quem teve a vida diretamente impactada por ele. Uma cidade mudou de lugar para que o Castanhão fosse construído. Esse capítulo é envolto em emoção. A velha Jaguaribara, hoje submersa, guarda histórias e memórias que repousam sob as águas.
A verdade é que o Castanhão impacta a vida de todos os cearenses. É um marco histórico, um equipamento essencial no sistema hídrico do estado. Tudo ali tem um propósito. A mecânica do Castanhão vai além do armazenamento para que a população tenha “água de beber”. Ele é monitorado 24 horas.
O controle das comportas evita inundações, assegura a perenização de rios, piscicultura, turismo, pesquisas científicas e mais uma série de ações e projetos que surgem a partir daquele espaço e do que ele pode oferecer. Nesta temporada de chuva, o Castanhão vive duas situações relevantes.As águas do Velho Chico começaram a chegar ao reservatório cearense.
Os especialistas acreditam que o Castanhão pode fechar a temporada com mais de 30% de água armazenada. Embora o percentual esteja bem distante da capacidade total, ele representa muito pelas proporções gigantescas do açude. Vale a reflexão sobre o que é possível realizar quando juntamos o melhor dos dois mundos: as realizações, cálculos e precisões que a tecnologia pode oferecer, e o respeito ao movimento natural de uma região e de suas características.