O mapa mais recente do Monitor de Secas indicou que o Ceará apresentou melhores resultados em junho deste ano, com 99,3% do território sem seca relativa. A porcentagem fica atrás apenas de junho de 2023, quando o Estado chegou a ter 100% de sua área sem seca relativa. Conforme os dados do Monitor de Secas, a região que apresenta os 0,7% de seca fraca está restrita ao extremo sul cearense, no território do município de Salitre.
A variação absoluta de junho em relação a maio foi de cerca de 10%, devido às chuvas observadas no 1º semestre, principalmente durante a quadra chuvosa, entre fevereiro e maio. Nesse período, o Ceará apresentou 25% de precipitações acima da média climatológica. Apesar dos resultados positivos, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) indica ter atenção no uso da água no Ceará, pois o Estado possui 22 açudes com volumes inferiores a 30%. O segundo semestre no território cearense é climatologicamente mais seco.
O Ceará registrou, nesta terça-feira, um total de 11 açudes sangrando – outros 61 reservatórios estão com volume acima dos 90%, mas sem sangrar. O abastecimento hídrico geral, nos 157 açudes monitorados, é de 55,1%. Em igual período de 2023, o abastecimento era de 49,1%, com 10 açudes sangrando.
QUADRA CHUVOSA
A quadra chuvosa deste ano, que ocorreu entre fevereiro e maio, terminou acima da média, acumulando 764 milímetros no Estado – um desvio positivo foi de 25,4%, considerando que a normal climatológica para o quadrimestre é de 609,2 mm. Os dados positivos têm relação direta com as precipitações observadas, principalmente, entre fevereiro e março. No intervalo, os acumulados foram mais expressivos. Fevereiro apresentou um desvio de quase 100%, já março, de 13%.
Nesta quadra, apesar de chuvas acima da normalidade, a porção central do Estado, como a macrorregião do Sertão Central e Inhamuns, apresentou relativa escassez. Diferentemente do Litoral de Fortaleza, por exemplo, que acumulou 1.253,2 mm (51,2% acima da média), aquela teve 583 mm. “Neste ano, a gente teve essa condição totalmente atípica, excepcional e anômala, que nunca tinha sido observada no Atlântico e isso acabou influenciando na ocorrência das chuvas no Estado”, reforçou Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme, à época da divulgação do resultado da quadra chuvosa.
O principal sistema indutor de chuvas foi a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que esteve próxima à costa norte do Nordeste devido a águas mais quentes no oceano Atlântico Tropical, colaborando para acumulados expressivos.