De acordo com a Pesquisa do Endividamento do Consumidor de Fortaleza, 72,9% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O levantamento, que foi realizado pela Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), por meio do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPCC), indica aumento de 2,3 pontos percentuais em relação ao bimestre anterior. Contudo, o percentual é menor, se comparado ao mesmo período do ano passado (75,3%).
Apesar da indicação da elevação do índice no bimestre, o levantamento aponta a permanência de queda no índice geral de endividamento.
Segundo a pesquisa, a proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso teve crescimento de 2,5 pontos percentuais, passando de 22,1%, no bimestre março/abril, para 24,6% no atual período. Os perfis mais devedores são as mulheres (26,3%), os consumidores com idade acima dos 35 anos (27,4%) e os da classe com renda familiar mensal abaixo de cinco salários-mínimos (26,1%).
O tempo médio de atraso no pagamento dessas dívidas é de 72 dias e a principal justificativa para o não quitamento é o desequilíbrio financeiro, citado por 48,3% dos entrevistados. O segundo motivo mais mencionado é a necessidade de se adiar o pagamento, para uso dos recursos em outras finalidades, com 46,6% das respostas, seguido da contestação das obrigações (9,3%) e da perda de prazo por esquecimento (3,6%).
Conforme o levantamento, o consumidor fortalezense está comprometendo, em média, 41% da renda familiar com o pagamento das dívidas, percentual 0,5 pontos acima do observado no bimestre março/abril (40,5%), mas abaixo do verificado no mesmo bimestre do ano passado (43,9%). Apesar do crescimento marginal no bimestre, permanece a tendência de redução do comprometimento da renda, acompanhando o ritmo da atividade econômica.
Os meios de compra por crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 79,4% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc), com 13,9%; empréstimos pessoais, com 8,8%; carnês e crediários, com 1,8%; e cheque especial, com 1,1%. A pesquisa mostra que são os gastos correntes os principais responsáveis pelo endividamento, com destaque para a compra de alimentos a prazo (66,4%), o pagamento de aluguel residencial (18,2%), a cobertura de despesas de saúde (13%) e de educação (9,3%). O valor médio das dívidas é de R$1.699, com prazo médio de oito meses para o pagamento.
Assim como o endividamento, a taxa de inadimplência potencial também registrou crescimento. Com aumento de 1,0 ponto percentual, atingindo o patamar de 12,1% no bimestre maio/junho, o índice também indica piora em relação ao mesmo período de 2022, quando foi mensurado em 10,8%. Em relação aos perfis dos consumidores inadimplentes, os mais preponderantes são, mais uma vez, os consumidores do sexo feminino (inadimplência potencial de 13,2%), o grupo com idade acima dos 35 anos (14,3%) e o extrato com renda familiar mensal inferior a cinco salários-mínimos (12,9%).
DADOS
O levantamento informa também que 78% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 10,6% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos e 11,4% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos.
Entre os fatores que mais contribuem para a problemática do endividamento, estão: a falta de orçamento e controle dos gastos com 54,4% das respostas; o aumento dos gastos considerados essenciais, com 18,9%; desemprego, com 17,6%; as compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 17,0%; redução dos rendimentos, com 15,0%; e gastos imprevistos, com 14,8%.