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19 de janeiro de 2025

Mais cinco cearenses podem se tornar beatos

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Após a confirmação da beatificação de Benigna para o próximo dia 24 de outubro, entenda como estão processos de outros cearenses

Antonio Rodrigues
Correspondente no Interior
antonio.rodrigues@opiniaoce.com.br

Santuário de Benigna, localizado em Santana do Cariri (Foto: Antonio Rodrigues)

Com cerimônia marcada para dia 24 de outubro, dia de sua morte, Benigna Cardoso da Silva, aclamada como “Heroína da Castidade” em Santana do Cariri, se tornará a primeira beata cearense.

Apesar de ter sido morta em 1941, seu processo de beatificação foi aberto em 2011 e obteve sucesso após oito anos, com a aprovação do Papa Francisco. Por outro lado, outros cearenses também postulam o “título” de beato em causas muito mais antigas, mas sem o desfecho aguardado, até agora.

Natural de Santana do Cariri, a jovem Benigna foi morta a golpes de faca, aos 13 anos, depois de resistir a uma tentativa de estupro por um adolescente que a assediava. No olhar dos devotos, ela “deu a vida para não cometer o pecado”. Após dois anos de processo, já recebeu o ‘Nihil obstat’ (nada obsta), documento emitido pelo Vaticano permitindo a abertura da causa de beatificação.

“Foi um processo rápido dentro do tempo proposto. Sua morte foi há muito tempo, mas a abertura só em 2011”, reconhece o advogado José Luís Lira, doutor em Direito e especialista em Direito Canônico. É notório que o reconhecimento de sua morte como um martírio acelerou o processo, já que isso dispensa o reconhecimento de um milagre — obrigatório para a beatificação.

Neste caso, valorizou-se suas virtudes “cristãs, espirituais e humanas”, detalha Lira. Na chamada “fase diocesana”, os teólogos investigam essas virtudes e detalham as circunstâncias da morte. Já na etapa conduzida pelo Vaticano, é solicitado depoimentos de pessoas contemporâneas à ela e nos anos seguintes à sua morte, relatando as graças alcançadas.

CASOS SEMELHANTES
O caso de Benigna é semelhante ao da brasileira Albertina Benkenbrock, de Santana Catarina, assassinada em 1931, aos 12 anos, também resistindo a uma tentativa de violência sexual. Seu processo foi reconhecido em 2001. Cinco anos depois, foi aclamada “venerável” tendo seu martírio sido aceito. Sua beatificação aconteceu em 2007.
Hoje, pleiteiam-se a beatificação de outros cinco cearenses.

O caso mais antigo é o de Francisca Benícia Oliveira, a Irmã Clemência, natural de Redenção, conduzido pela Arquidiocese de Fortaleza desde 1975. Todos os processos são sigilosos. “Não tem como ter uma previsão. É demorado. Depois de entregue, vai para uma comissão de estudiosos que vão analisar. Passa por várias comissões até chegar a ser ‘venerável’. Nesses casos, pressupõe-se um milagre.”

O advogado também é vice-postulador da causa do Monsenhor Arnóbio, natural de Massapê, fundador da Congregação das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus, aberto pela Diocese de Sobral, em 2018; e atua no processo monsenhor Waldir Lopes de Castro, sobralense nascido em 1931 que atuou na Paróquia de Marco, mas que ainda aguarda o “nihil obstat” pelo Vaticano.

Além disso, há processos de beatificação de cearenses sendo conduzidos por dioceses de outros estados, como Padre Ibiapina, natural de Sobral, um dos mais importantes missionários do Nordeste no Século XIX, que é conduzido em Guarabira (PB); e de Dom Expedito Lopes, seu conterrâneo que foi bispo de Garanhuns (PE).

O primeiro pode ser o mais próximo de ter sucesso, projeta Lira. No caso de Dom Expedito Lopes, o argumento para sua beatificação também é o martírio, já que foi assassinado por três tiros pelo padre Hosaná de Siqueira e Silva, após ter suspendido suas atividades religiosas por envolvimento em casos amorosos. O processo foi reaberto em 2003.

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