Às vésperas das convenções partidárias, ocasião em que legendas devem oficializar todas as candidaturas e alianças, políticos se articulam para firmar suas bases. O apoio de prefeitos nesse cenário é importantíssimo para alinhar os arranjos locais em torno de um candidato específico.
À exceção de Caucaia, os maiores colégios eleitorais do Ceará, os gestores, líderes de seus grupos durante o mandato, já decidiram quem apoiarão no pleito de outubro. Mais que isso, encabeçam dinâmicas partidárias internas. É o caso de Fortaleza, que tem o maior eleitorado (1.821.382 eleitores).
A “capital que decide eleição”, como dizem políticos da Cidade, é governada por Sarto Nogueira (PDT). O gestor iniciou, em março, o movimento público de apoio ao nome de Roberto Cláudio, sendo seguido por mais de 30 parlamentares da Câmara Municipal (CMFOR).
Eleito em segundo turno no ano de 2020 com apoio do bloco governista, dois anos depois, o prefeito ajudou a reunir apoio dos vereadores em torno de Roberto Cláudio, escolhido pelo diretório estadual do PDT para encabeçar a chapa ao governo do Estado nas eleições de outubro.
Outra cidade comandada pelo PDT é Sobral, com o quinto maior eleitorado cearense (142.091 eleitores). Apesar de manifestar apoio pela escolha de Izolda Cela para candidata à reeleição e reviver atrito com o aliado PSD – presidido no Ceará por Domingos Filho, que também pleiteia vaga de vice na chapa –, o prefeito Ivo Gomes é irmão do principal articulador do partido, o senador Cid, e do presidenciável pedetista, Ciro, que conduziu as negociações neste ano.
Por isso, Ivo deve se movimentar até outubro com o objetivo de eleger Roberto Cláudio governador. Do outro lado, em prol da candidatura de Capitão Wagner (União Brasil) ao cargo, há o terceiro e o quarto maiores colégios eleitorais do Estado. Em Juazeiro do Norte (174.604 eleitores), o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) declarou, na semana passada, apoio ao deputado federal licenciado, após meses de impasse.
Apesar de não ter tido apoio do grupo governista em 2020, que preferiu Arnon Bezerra (PTB) reeleito, Glêdson Bezerra mantém bom relacionamento com o bloco, fato que ressaltou em postagem do fim de semana anterior. Naquela ocasião, Glêdson e Wagner participaram juntos de uma festa de São João na cidade, onde conversaram sobre o cenário eleitoral.
Em Maracanaú, cidade com 160.798 eleitores, também não restam dúvidas do apoio a Capitão Wagner. O prefeito Roberto Pessoa, ex-PSDB e atual União Brasil, migrou de legenda em fevereiro deste ano, quando o UB foi homologado pela Justiça Eleitoral (JE), com o objetivo de fortalecer a oposição e fugir de incômodos no antigo partido. O mesmo fez a filha deputada estadual Fernanda Pessoa, que virou vice-presidente estadual da sigla.
Apoio de Caucaia pode ficar em impasse
Na outra cidade da Região Metropolitana de Fortaleza, que abriga 222.128 eleitores, o segundo maior número do Estado, a situação não é tão simples: o prefeito Vitor Valim (sem partido) tem migrado para a base desde o ano passado. Os elogios públicos dados ao governo cearense e recebidos por deputados da base, como Salmito (PDT), mostram sintonia.
Valim, contudo, tem um passado de rivalidade com Roberto Cláudio, quando foi da oposição como vereador da Capital. A reportagem procurou saber se o apoio à chapa permanecia mesmo com Roberto encabeçando-a, mas não teve sucesso. Em postagem nas redes sociais feita nesta terça-feira, 19, no dia seguinte à decisão do PDT pelo ex-prefeito de Fortaleza, Valim reforçou solidariedade à Izolda.
“Respeito é a base para qualquer aliança. E foi esse ‘Arco da Aliança’, que inclui muitos nomes importantes, como o ex-governador, Camilo Santana, do PT, que ajudou a desenvolver o Ceará e trouxe importantes obras para nossa cidade através da Prefeitura de Caucaia.”