Em discurso de aproximadamente 30 minutos após ser empossado como presidente do Brasil, depois de assinar o termo com caneta que ganhou de um apoiador em 1989 – Lula (PT) priorizou o teor institucional, ao acenar para Judiciário e Legislativo, mas consolidou suas falas antes ditas por mais um dos candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022, pleito em que venceu Jair Bolsonaro (PL), que não compareceu a nenhuma das etapas da posse, que ocorreram no Congresso Nacional e nos Palácios do Planalto e do Itamaraty neste domingo, 1º.
“Renovo o juramento de fidelidade à Constituição da República, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros que conosco vão trabalhar pelo Brasil.” As promessas de fim do Teto de Gastos, mecanismo de controle das contas públicas integrado à esfera federal por Michel Temer (MDB), e de decretos de Bolsonaro sobre armamento da população, por exemplo, fizeram parte da fala. O comprometimento com as pautas ambientais foi também citado por Lula, assim como com a educação, saúde e economia.
“O diagnóstico que recebemos do Gabinete de Transição de Governo é estarrecedor. Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social”, referenciou.
O agora presidente afirmou ainda que “desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a cupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas.”
“É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de, junto com o povo brasileiro, reconstruir o país e fazer novamente um Brasil de todos e para todos.”
Após a saída do Congresso Nacional, Lula, o vice-presidente empossado Geraldo Alckmin (PSB), Janja e Lu Alckmin se dirigiram ao Palácio do Planalto, onde tradicionalmente acontece a subida presidencial pela rampa e o repasse da faixa. O percurso de menos de um quilômetro, acompanhado por comboio de segurança, foi realizado pelos quatro juntos, a bordo do Rolls-Royce, em clima de entrosamento e com acenos ao público presente no Eixo Monumental, principal via de Brasília. Ao lado de Resistência, cadela de Lula e Janja, o presidente, emocionado, recebeu a faixa presidencial das mãos de um grupo de brasileiros, que representaram negritude, mulheres, deficientes físicos, movimento indígena, gamers e crianças.
Após receber a faixa, Lula convidou Janja, e Lu e Geraldo Alckmin para, na rampa, levantarem os braços juntos, quando se dirigiram a apoiadores. Pela primeira vez na história do Brasil, a faixa não foi repassada por um ex-presidente após uma eleição.
No Planalto, onde fez seu segundo pronunciamento, Lula empossou seus 37 ministros, entre eles Camilo Santana (PT), na área de Educação. O ex-governador do Ceará também participou da cerimônia no Congresso. No Itamaraty, Lula jantou com cerca de 20 chefes de Estado e autoridades brasileiras. O mandato de Lula e Alckmin vai até o início de janeiro de 2027.