O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou Jair Bolsonaro (PL) por utilizar a figura da primeira-dama para, segundo o petista, mentir sobre a obra de transposição das águas do Rio São Francisco. Durante entrevista em Belém do Pará (PA), o petista diz que o atual governante foi responsável apenas por finalizar a obra que foi iniciada nas gestões dele e de Dilma Rousseff (PT), mas que Bolsonaro vende o canal como ideia do atual governo.
“Ontem, no programa de TV dele, ele colocou a mulher para dizer que foi ele que levou água para o povo do Nordeste, para ajudar as mulheres pobres do Nordeste. Ele tem a desfaçatez de contar essa mentira sem nenhum critério de vergonha para o povo”, disse Lula em entrevista concedida na manhã desta quarta à Rádio Clube de Belém, do Pará.
No vídeo exibido na terça-feira, 30, Michelle Bolsonaro se direciona às “mulheres sertanejas”, que, segundo ela, “carregavam lata d’água na cabeça” para falar sobre a transposição.
“A água chegou no sertão. Trouxe vida, alegria e esperança. A mulher sertaneja, que carregava lata d’água na cabeça, agora pode usar a força para voltar à escola ou para tirar que alimento está brotando na terra”, disse a primeira-dama.
Michelle já participava da campanha do marido fora da TV, subindo ao palanque dele nos atos políticos. A participação dela na propaganda de tv e rádio era esperada, já que a esposa consegue ajudar ele a se aproximar do eleitorado feminino e religioso.
A obra de transposição do Rio São Francisco tem sido utilizada pelo atual mandatário desde o período de pré-campanha. O governo de Bolsonaro foi responsável por finalizar alguns trechos da transposição, mas ele visitou o canal em diversas ocasiões e fez imagens que estão sendo exploradas na propaganda eleitoral.
Contudo, segundo informações da Folha de S.Paulo, quando Jair assumiu a Presidência, a transposição já se aproximava da conclusão, com mais de 90% da infraestrutura pronta. A construção do canal que leva água potável para diversas cidades nordestinas afetadas pela estiagem foi iniciada em 2007, no segundo mandato de Lula. Na sequência, foi continuada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
“88% da obra foi feita por mim e pela Dilma. O Temer fez 7,5% e o Bolsonaro fez menos que 5%. Ele vende a ideia como se fosse ele que tivesse levado”, disse o petista.