Nas veredas e ruas da Mesopotâmia do Brasil, Limoeiro do Norte, venho revendo a delicadeza e beleza das noites e o luar do sertão. Na estrada sinuosa de piçarra, o corcel negro de lata brilhava pela luz da lua que trespassava por entre os arvoredos, iluminando-me, como também à malha colorida daquela cobra atravessando indiferente como os Beatles à Abbey Road. Não tinha como não parar. Fiquei ali, a observar a beleza, o desfile daquela grande jiboia. Acho que o satélite natural da Terra gostou, seguindo-me até em casa. Que privilégio! Aquele vento de agosto, a lua bela e imponente despertava contemplação e provocava reflexões. “A lua nascendo por detrás da verde mata, pranteando a solidão”. Nada de solidão. Bateu foi aquela vontade de selar o cavalo Apolo e sair entre carnaubeiras e várzeas, sertão a dentro, cantarolando, “Luar do Sertão”, do João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense, relembrando as paixões, os encontros e despedidas que valem a pena viver. “Não há, ó gente, ó não/ Luar como esse do sertão”. Por onde anda meu pai, que tanto queria abraçar Jesus? Será que conseguiu? E meu avô, o vaqueiro que fez história pelas bandas do Aracati na pega do “boi saia branca”? A sua sabedoria popular e experiência impressionavam-me. Apenas com um toque no lombo do animal, próximo ao rabo das reses, ovelhas e cabras, era capaz de prever o dia de parir o animal. Presenciei, muitas vezes, ele observando o vento anunciando a chuva pela agitação do carnaubal. Mas, o Apolo já estava no descanso dos deuses. Fiquei a contemplar a lua e a vida como se estivesse amarrado o meu arado a uma estrela lavrando o céu. Como um “lavrador louco dos astros”, feito o Gilberto Gil: “E os tempos darão/ Safras e safras de sonhos/ Quilos e quilos de amor/ Noutros planetas risonhos/ Outras espécies de dor”. Gil, com sua inspiração e sabedoria, nos faz lembrar que “os solos assolados pela guerra não produzem a paz”, mas a dor. Em minhas memórias e andanças lunares, decidi: “Não, não quero pensar em disputas de solos sagrados como a Palestina que produz guerras milenares e destruição de inocentes, nem no rico e histórico solo ucraniano destruído por interesses econômicos e estratégicos”. Para que tanto dinheiro, se algumas pessoas não conseguem mais observar, admirar e respeitar a natureza? O judeu Senor Abravanel, o paraquedista que virou camelô, dono de banco, empresário e o maior apresentador e animador de auditório do Brasil, criou um império. Recentemente, antes de sua morte, dividiu os bilhões com as filhas. Luar do Sertão: natureza e/ou dinheiro?
Dobradinha Cid/Camilo vai controlar os 184 municípios
Todos os dias, radialistas, jornalistas e lideranças políticas me procuram para eu explicar como funciona a tática do ministro Camilo Santana e do governador Elmano