Permissionários do local, que soma mais de 550 boxes e 70 quiosques, estão precisando se reinventar para conseguir vender na retomada da economia na Capital
Priscila Baima
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Vendedores ambulantes fazendo comércio na calçada e em suas adjacências, ao mesmo tempo em que vários corredores estão quase vazios do lado de dentro. Esta é a cena mais comum para quem entra atualmente no Mercado Central de Fortaleza.
Com mais de 550 boxes e 70 quiosques, os permissionários do local estão precisando se reinventar para conseguirem vender na retomada da economia na Capital.
A inovação na hora de vender bateu à porta de Catarina Lima, permissionária que comercializa bordados há mais de 30 anos no Mercado. Com todas as peças mais caras estocadas, a vendedora apostou em produtos mais baratos na hora de atrair os turistas e visitantes.
“Coloquei na frente da loja os produtos mais em conta. Os mais caros estão estocados porque a gente tem observado um comportamento: o turista acha bonito, tem vontade de levar, mas ele pensa duas vezes e, ao final, não leva”, revela Catarina.
Apesar de precisar enxugar os gastos, a permissionária não demitiu nenhum funcionário porque os auxílios emergenciais oferecidos pelo Governo Federal e Estadual cobriram. “Foi o que salvou. Agora, estamos voltando aos poucos à espera de melhorias, como as de infraestrutura, que devem acontecer em breve”, disse esperançosa. Raimundo Eudes, mais conhecido com Eudes da Castanha, é um dos mais antigos trabalhadores do local.
Nascido em Jaguaruana, o permissionário tem relação com o comércio e o Mercado Central desde jovem. Ele também precisou se reinventar. A estratégia? Diminuindo os preços e fazendo promoção para atrair clientes. “A pandemia foi muito difícil para nós, e as vendas ficaram bem lentas nesses últimos dois anos. Só depois da segunda onda, o comércio começou a melhorar, e os turistas estão começando a aparecer. A nossa forma de trabalhar aqui mudou. Então, para tentar atrair os clientes estamos baixando os preços, fazendo promoções e tentar levar até onde der”, disse Eudes.
MELHORIAS FUTURAS
Se por um lado redes, bordados, labirinto, filé, enxoval para recém-nascidos, camisetas, rendas, castanha de caju, cachaças e outros produtos regionais atraem o público que chega ao Mercado Central, por outro há um problema relatado por alguns turistas: poucos acessos entre os andares.
O presidente da Cooperativa de Permissionários e Locatários do Mercado Central de Fortaleza (Coopcentral), José Aquino, ao OPINIÃO CE, explicou que há, de fato, pouco fluxo em alguns andares, mas que isso mudará com a chegada da escada rolante.
“Estamos trazendo uma escada rolante que vai ser inaugurada entre março e abril de 2022. Está com 99% da obra concluída. Com isso, vamos ter um melhor fluxo do segundo e do terceiro andar do Mercado fazendo com que mais pessoas consigam acessar esses espaços.”
O secretário Júlio Santos, responsável pela Regional 12 onde está localizada o Mercado Central, ressaltou que, para além da escada rolante, a Prefeitura de Fortaleza tem trabalhado para auxiliar no processo de retomada dos permissionários, como a isenção de taxas cobradas durante o período da pandemia e firmando parcerias.
“A Prefeitura tem feito cursos de capacitação, em parceria com o Sebrae, para ajudar os comerciantes nessa retomada em relação aos protocolos sanitários – como o uso de máscara, álcool em gel e distanciamento – e em relação ao uso das redes sociais”, revelou. A administração do local confirmou para a reportagem que o Mercado Central deve receber uma banca fixa do Sebrae que para a oferta de cursos de capacitação em várias áreas de conhecimento sobre negócios, além de trazer linhas de crédito que podem auxiliar os permissionários nessa retomada da economia.