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20 de março de 2025

Líderes da base e oposição creditam à pandemia desaprovação de 57% de Sarto

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Diante de pesquisa divulgada ontem, Gardel Rolim e Márcio Martins, líderes da base e da oposição, respectivamente, justificaram crescimento da rejeição a partir da crise sanitária

Ingrid Campos
ingrid.campos@opiniaoce.com.br

Plenário da Câmara Municipal de Fortaleza (Foto: Reprodução/Flickr CMFOR)

A aceitação do prefeito Sarto Nogueira (PDT) frente aos fortalezenses vem em queda desde o fim do ano passado, após sua estreia efetiva no Executivo. Na análise do líder do governo na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFOR), Gardel Rolim (PDT), esse desempenho deve-se ao período de pandemia, que é um desafio para todo gestor público.

De acordo com a pesquisa Opnus, cujo resultado foi divulgado nesta segunda-feira, 4, o gestor tem 57% de desaprovação. Há quatro meses, esse índice era de 45%. Enquanto o indicador negativo ganhou 12 pontos percentuais, o positivo perdeu em mesmo número: o que antes era 49% de aprovação, caiu para 37%.

Para o vereador, até o fim deste ano, com a melhora progressiva no quadro da pandemia – o que se vem observando desde fevereiro, sobretudo após o fim da terceira onda – o cenário vai melhorar para o prefeito.

Sarto assumiu a administração da capital cearense perto do início da segunda onda da crise epidemiológica da covid-19, que fez o Brasil bater a marca de 400 mil mortos pela doença. Ainda de acordo com Gardel, isso abre possibilidade para Sarto terminar o mandato, em 2024, com boa aprovação.

A pandemia também é uma das apostas da oposição do gestor na Câmara, representada pelo líder Márcio Martins (Pros), para essa desaprovação. Segundo o parlamentar, Sarto acumulou problemas da administração anterior, de Roberto Cláudio (PDT), na área da saúde.

“Vários outros municípios também tiveram dificuldade nesse período, mas quem quer que viesse [após Roberto Cláudio] acumularia esse volume de desgaste do governo dele. Teve polêmica com o hospital de campanha no Estádio Presidente Vargas, com o valor dos respiradores. Tudo isso foi antes de Sarto. O gestor atual recebeu a gestão com onus e bonus”, opina o opositor.

O parlamentar ainda aponta que o ideal para Sarto seria focar sua atuação na pasta da Saúde, mas em uma área não muito lembrada pelos gestores. “Nada no item ‘saúde’ de Fortaleza é tão complexo como o setor psicossocial. No pós-pandemia, isso é mais evidente. A cidade deveria ter um programa efetivo de cuidado com a saúde psicológica das pessoas, e a gestão ainda não deu um recado claro do que tem para essa área”, diz.

Nesta segunda, o prefeito anunciou o envio à CMFOR de projeto de lei (PL) que cria 58 cargos na área de saúde mental para contemplar o cadastro de reserva do concurso público realizado em 2018. A medida abrange enfermeiros, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e psicólogos para reforçar a Rede de Atenção Psicossocial do Município (Raps).

CONTINUIDADE
Além das questões ligadas diretamente à pandemia, o vereador da oposição cita a aprovação e a execução da Reforma da Previdência. Instituído em 2019 pelo Planalto, o novo regime determinou mudanças a nível federal, estadual e municipal.

Em Fortaleza, contudo, a avaliação não só de Márcio, mas também de entidades trabalhistas, é que a pauta foi analisada pelo Poder Público às pressas, em 2021. Isto causou desgaste para Sarto entre os servidores públicos do Município e demais setores trabalhistas.

No mês passado, a Câmara teve que fazer uma pequena modificação no texto da reforma porque a execução das novas medidas precisou de ser atrasada em alguns dias, entre julho e agosto do último ano. Como esse desencontro de informações poderia causar penalidades à Prefeitura pelo Ministério da Economia, a Casa teve que analisar essa alteração, que foi regularizada prontamente.

“O elenco comum dos fatores é ele ter pego uma sequência de obras mal feitas e inacabadas ou atitudes indigestas que deviam ter sido tomadas na gestão anterior e caíram no colo dele. O prefeito anterior não fez, e isso foi de caso pensado”, continua Márcio.

Outro problema para Sarto, ainda conforme o vereador do Pros, é que o prefeito “ainda não se mostrou um tocador de obras de visibilidade, que ficam marcadas, como terminais e viadutos”, qualidade que tem sido cada vez mais exigida pelos fortalezenses, na sua opinião, desde o governo de Juraci Magalhães (1991-92 e 1997-2004).

PESQUISA OPNUS
Além dos 37% de aprovação e os 57% de reprovação, o levantamento desmembrou outros dados. A gestão do prefeito tem 21% de avaliações como boa ou ótima. Já os que consideram o governo regular são 38%. Para 36%, a administração é ruim ou péssima. Foram ouvidos 600 eleitores de Fortaleza entre 26 e 31 de março para a pesquisa. A margem de erro é de 4 pontos percentuais. O levantamento foi realizado pelo instituto em parceria com O POVO.

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