‘A eleição está longe”, disse o governador Elmano de Freitas, quando perguntado sobre os pré-candidatos que se movimentam para disputar a Prefeitura de Fortaleza em 2024. No calendário, o dia da votação pode estar distante, mas o clima de disputa já prenuncia uma das companhas mais concorridas dos últimos anos. O ambiente com temperatura política elevada está chegando a outros municípios. Juazeiro do Norte, Caucaia, Aquiraz, Crateús, Iguatu, Itapipoca, Acaraú e Sobral prometem embates com rompimentos de alianças.
Na Capital, as movimentações, nas últimas semanas, se aceleraram e mexem, em especial, com os dois grupos que se formaram após o racha entre PT e PDT nas eleições passadas. O prefeito José Sarto trabalha para sua reeleição, conta com o endosso do ex-prefeito Roberto Cláudio, do ex-ministro Ciro Gomes e de correligionários que integram, no partido, um grupo que bate de frente com a gestão petista no Estado. No entanto, o racha com o PT também cindiu o próprio PDT, um número expressivo de lideranças não apenas defende que a sigla faça parte da base governista como faz isso na prática.
Na Assembleia Legislativa, o líder do governo e o presidente da casa, Romeu Aldigueri e Evandro Leitão, respectivamente, são do PDT. Até então, o esforço era no sentido que sanar as divergências e retomar a aliança forte que marcou duas gestões de Cid Gomes, duas de Camilo Santana e a de Izolda Cela. Na última semana, porém, Evandro Leitão falou abertamente em algumas ocasiões da insatisfação e do “profundo incômodo” com a situação do partido.
As declarações coincidem com a aparição do nome do parlamentar entre os prefeituráveis listados em um dos cenários da pesquisa do Instituto Paraná, publicada no dia 23 passado, em que se prospectou o que o eleitor da capital pensa para a eleição do próximo ano. O nome de Leitão aparecia nos bastidores e, após a pesquisa, o deputado até tentou manter a discrição, agradecendo a lembrança como um “reconhecimento da população” à sua atuação na Alece.
Para se lançar candidato, Evandro teria que se escolhido por seu partido – algo improvável de acontecer – ou encontrar uma nova casa.
“Vamos trazer o n A frase do governador sobre o debate eleitoral, que está longe, faz sentido para espantar crises na sua base. osso presidente da Assembleia, vamos trazer o Evandro para dentro do PT. Eu defendo isso. Vamos conversar com a Luizianne Lins [deputada federal, ex-prefeita da Capital e um dos nomes apontados como pré-candidata à 2024], vamos conversar com as nossas lideranças de Fortaleza”, defendeu, sem rodeios, o deputado estadual De Assis Diniz, líder do PT na Alece, em entrevista ao prefeito de Itapipoca, Felipe Pinheiro, num programa para web apresentado pelo gestor municipal.
A fala de De Assis Diniz tem peso, pela posição que hoje ele ocupa no partido. O que o parlamentar defende vai ao encontro com o que Evandro Leitão falou, na última sexta-feira, em entrevista ao OPINIÃO CE. “Sou um parlamentar extremamente alinhado com o PT”, afirmou o presidente da Alece, destacando sua admiração pelos ideais e ações do partido do governador Elmano de Freitas.
GOVERNO E PREFEITURA
O duelo de 2024 já apresenta os primeiros lances – e ainda conta, no outro lado, com Capitão Wagner e Carmelo Neto fazendo seus próprios movimentos.
Luizianne Lins participou, na periferia, do projeto “Roda de Conversa”. Falou em volta do Plano Diretor Participativo, e o retorno de políticas públicas para reduzir a pobreza, O discurso sinaliza o desejo de disputar pela quinta vez a Prefeitura de Fortaleza, com a esperança de vencer e governar a cidade pela terceira vez.
Perguntado sobre o bom desempenho de Luizianne Lins e Evandro Leitão na pesquisa do Instituto Paraná, o governador Elmano de Freitas não quis se alongar na resposta. “A eleição está longe”. Luizianne e Evandro são considerados grandes amigos e aliados pelo chefe do executivo cearense, o que torna difícil sua escolha. Terá que também responder uma questão que interessa aos aliados: o PT tentará ficar, a partir de 2025, com o mando do governo e da Prefeitura de Fortaleza?
O PT terá dificuldades para lançar candidato em Fortaleza porque pode rachar a base de apoio dos governos Elmano e Lula.