Um monitoramento ambiental marinho está sendo realizado no Pecém, em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), pela Fortescue, com execução de pesquisas e análises técnicas conduzidas pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC). A ação é viabilizada por meio de um acordo de pesquisa e inovação (API) firmado entre as duas instituições em 2024. A finalidade é diagnosticar a vida marinha no entorno da futura planta de hidrogênio verde da companhia, localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
De acordo com Gianpaola Ciniglio, responsável pela área de Meio Ambiente da Fortescue no Brasil, o monitoramento permitirá uma compreensão aprofundada e precisa do ambiente marinho ao redor da área onde será construída a planta de hidrogênio verde, abrangendo as fases anterior, durante e posterior à implantação do projeto.
Gianpaola Ciniglio explica que as atividades envolvem estudos geotécnicos e marinhos que serão fundamentais tanto para a definição da configuração da planta de H₂V quanto para estabelecer padrões de gerenciamento ambiental, além de avaliar seus possíveis impactos ambientais. “Os estudos foram iniciados em 2024 e seguem em 2025 e proporcionarão uma visão do ambiente para especificar a configuração do nosso projeto e estabelecer padrões para seu gerenciamento e operação“, destaca.
Intitulado Marine Environmental Baseline Studies (MEBS), o estudo conta com a participação de mais de 30 pesquisadores da UFC. O coordenador do projeto, professor Marcelo Soares, do Labomar, explica que foram realizadas quatro campanhas em mar na região adjacente à futura planta da Fortescue, no município de São Gonçalo do Amarante, próximo ao porto do Pecém.
“Nosso diagnóstico inclui toda a área da vida marinha, além da geologia da região. Ou seja, tudo o que existe no fundo do mar e na faixa de praia também está contemplado no monitoramento”, relata o professor.
Segundo Marcelo Soares, os dados obtidos contribuirão para ampliar o conhecimento sobre o ambiente marinho local e orientar o planejamento técnico e ambiental da planta de forma mais eficiente e sustentável. Os resultados dessa etapa devem ser concluídos no primeiro semestre de 2025. As atividades de campo foram realizadas com o apoio de ferramentas tecnológicas inovadoras, como drones subaquáticos e câmeras de alta precisão, reforçando o compromisso da Fortescue com a sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente.
ESTUDOS MARINHOS
Para compartilhar os conhecimentos produzidos a partir dos estudos sobre o ambiente marinho local, a Fortescue e o Labomar promoveram, na manhã de quarta-feira (7), no Isla Beach Hotel, uma devolutiva social voltada aos pescadores e marisqueiras da Praia do Pecém. A iniciativa faz parte da agenda de performance social da empresa, com o objetivo de aproximar a Fortescue da comunidade, propondo um diálogo transparente entre as partes. Cerca de 70 pessoas da comunidade e instituições participaram da devolutiva.
A programação incluiu também a exposição Universidade Azul, organizada pela UFC com suporte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que proporcionou ao público uma imersão interativa no mundo dos oceanos, por meio de equipamentos, imagens subaquáticas, corais e outros elementos que retratam a riqueza do ambiente marinho.
Durante o evento, foram apresentadas informações das pesquisas realizadas entre 2024 e 2025, com foco em educação ambiental e que podem contribuir diretamente para o cotidiano das comunidades pesqueiras da região. Além da devolutiva científica e da exposição, também foi realizada uma atividade de escuta ativa, com o objetivo de colher as expectativas de pescadores e marisqueiras sobre o futuro da região nos próximos 15 anos, especialmente no contexto da transição energética justa.
A coordenadora de performance social e comunidade da Fortescue, Cinthya Oliveira, que acompanha os trabalhos de conteúdo local com as comunidades no Pecém, destacou a importância do saber e conhecimento das pessoas originárias daquela área. “Para nós é muito importante ouvir e aprender com a experiência de vida de todos, da forma como a natureza fala e aprendemos a ouvir”, explica.
O momento estimulou reflexões e fomentou contribuições da comunidade sobre os rumos do território, promovendo o diálogo e valorizando saberes locais, como os da marisqueira Lucineide Mendes Gomes, presidente da Colônia Pescadores Z6 de São Gonçalo do Amarante, uma líder no local. “Foi maravilhoso. Nossa classe não é tão reconhecida e a presença de pescadores, marisqueiras e mulheres de pescadores como convidados é muito gratificante. E foi muito produtivo, deu oportunidade para quem quisesse falar. O que mais espero é que a nossa pesca artesanal permaneça viva, não acabe”, disse.