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21 de março de 2025

Jovens “Nem Nem” diminuem no Ceará, mas desafio persiste para moradores do Interior

O destaque é a faixa etária de 15 a 17 anos, que registrou a menor proporção histórica (3,26%)
Foto: Helene Santos/Casa Civil

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Conhecidos como ‘Nem Nem’, o número de jovens cearenses que não estudam e não trabalham está em queda no Ceará, em uma tendência que vem sendo mantida. Os dados são do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) e mostram que a proporção de jovens entre 15 e 29 anos nessa situação caiu 6,6% no terceiro trimestre de 2024, em relação ao terceiro trimestre de 2023 (médio prazo), atingindo 26,26% dessa população. O destaque é a faixa etária de 15 a 17 anos, que registrou a menor proporção histórica (3,26%).

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Apesar disso, a faixa etária de 18 a 29 anos segue apresentando taxas mais elevadas (33,76%), indicando desafios no mercado de trabalho. Uma vez que o Ceará apresenta reduções cada vez mais expressivas na população de jovens entre 15 e 17 anos sem estudar ou trabalhar, observa-se um reflexo de um “cenário educacional positivo”, conforme o levantamento, já que essa faixa etária corresponde à escolar. De maneira contrastante, as elevadas proporções desta população específica entre jovens de 18 a 28 é um forte indicativo da necessidade de maiores ações direcionadas para a transição destes para o mercado de trabalho.

Ainda conforme o estudo, as mulheres (33,21%) e os jovens do Interior e RMF (28,47% e 25%) permanecem mais vulneráveis, reforçando a necessidade de ações específicas para educação e emprego, além de redução de disparidades de gênero e regionais. “Ainda há a necessidade de direcionar ações que priorizem atenuar estas condições entre jovens mulheres e jovens residentes no Interior e RMF, a fim de, além de reduzir esta população como um todo, reduzir também as disparidades presentes, que colocam estes jovens com maior exposição ao risco”, mostra o levantamento.

Conforme a pesquisa, para além da faixa etária, a disparidade de gênero segue sendo uma realidade do fenômeno social. A diferença entre os gêneros segue expressiva, representando 68% no terceiro semestre de 2024. O estudo aponta que parte disso pode ser explicado pela diferença de variações no curto prazo. Assim, as mulheres seguem sendo mais afetadas com tal fenômeno em comparação aos homens, uma vez que 33,21% das mulheres encontram-se sem estudar ou
trabalhar, enquanto a proporção no público masculino é de 19,76%.

LONGO PRAZO

A proporção de queda é mais expressiva, de 8,1%, quando a comparação ocorre a longo prazo: resultado do período de 2019 (3º trimestre) a 2024 (3ª trimestre). A proporção de jovens (15 a 29 anos) Nem Nem no Ceará, em 2019, era de 28,57%; em 2023 de 28,11%; e em 2024 de 26,26%. Os números revelam ainda que o índice de 2024 no Ceará é menor que o do Nordeste, de 26,29%. Os dados estão no Boletim Trimestral da Juventude (Volume 4 – Nº 13 – 2024), que acaba de ser publicado pelo Ipece.

O autor do estudo, o analista de Políticas Públicas Vitor Hugo de Oliveira Silva, explica que também houve queda na proporção de jovens Nem Nem em outras faixas etárias. “Entre 15 e 17 anos de idade, observamos uma redução de 33,3%, ou seja, na comparação do terceiro trimestre de 2024 (3,26%) com igual período de 2023 (4,89%). Em relação a 2019 (7,75%), o índice é ainda maior, uma queda de 57,9%”, afirmou.

A proporção de jovens Nem Nem entre 18 a 24 anos também diminuiu. De 35,56% em 2019, para 34,88% em 2023, e para 33,76% em 2024. O que representa, no curto prazo, uma redução de 3,2% e, no longo prazo, de 5,1%. Na faixa etária de 25 a 29 anos, a proporção de Nem Nem também caiu, de 30,59% em 2019 para 31,90% em 2023, e para 29,42% em 2024, redução de 3,8% a longo prazo e de 7,8% a curto prazo.

MUNICÍPIOS

O Boletim ainda apresenta análise por gênero e números por área geográfica. De acordo com Vitor Hugo, ao analisar a proporção de jovens por recorte geográfico, é possível observar que Fortaleza segue apresentando a menor proporção de jovens nessa condição. O índice de Nem Nem registrado no terceiro trimestre do ano passado foi 22,34%. Já na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e no Interior do Estado, as proporções foram, respectivamente, de 25% e 28,47%.

Em um longo prazo, todas as regiões apresentaram reduções: a RMF, com 9,6%, o Interior do Estado, come 8,34% de redução, e Fortaleza, com 6,89%, entre 2019 e 2024. Já no curto prazo, a RMF teve redução mais expressiva: de 17,9%.

“Em resumo, os números revelam que o Ceará avança na redução de jovens que não estudam nem trabalham, especialmente na faixa de 15 a 17 anos. E como sugestão o estudo revela a necessidade de melhorar a transição desses jovens para o mercado de trabalho”, afirmou o analista responsável pelo Boletim que contou com a participação de Rayén Heredia Peñaloza, integrante da Diretoria de Estudos Sociais do Ipece.

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