Reportagem conversou com fontes sob condição de reserva para entender movimentos do xadrez do PDT Ceará em torno do Abolição. Nome da vice está em disputa direta com Roberto Cláudio
Rodrigo Rodrigues
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As cartas estão lançadas para a disputa da sucessão ao governador Camilo Santana no Governo do Ceará. Do bloco governista, o consenso entre os partidos afirma que o nome virá do PDT, que ainda trava batalha interna para definir o rosto mais forte entre o eleitorado e com mais capacidade de adesão em espaços hoje ainda conflitantes – principalmente dentro do PT, sigla do atual governador. Estão na disputa o deputado estadual Evandro Leitão (PDT), presidente da Assembleia Legislativa do Ceará; o deputado federal Mauro Filho (PDT); o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT); e a vice-governadora Izolda Cela (PDT).
Embora as lideranças do partido e os próprios pré-candidatos digam que não, os dois últimos nomes citados acima saem na frente da disputa. Izolda Cela tem ganhado mais destaque desde que Camilo Santana confirmou o interesse ao Senado Federal. Alguns pontos pesam na preferência pelo nome da vice-governadora – que vai ocupar a cadeira de governadora a partir do próximo mês – por ora, segundo apurou o OPINIÃO CE com fontes, sob a condição de reserva.
Primeiro, caso seja a escolhida para o pleito de outubro, a pedestista só poderá ficar no mandato por mais quatro anos – em conseguindo a reeleição. Isto encurtaria o tempo para novas alianças de olho nas eleições de 2026. Outro ponto: Izolda Cela é considerada integralmente fiel ao governador Camilo Santana, proximidade essa vista com bons olhos para a continuidade do perfil governista adotado.
Além disso, a vice-governadora é, dos quatro nomes, a mais distante do presidenciável Ciro Gomes (PDT), o que gera menos dissidências com ala do PT que critica abertamente o ex-ministro. Por fim, pesa a Izolda Cela a experiência de dois mandatos ao lado de Camilo Santana. A professora assumir o posto do petista no Palácio da Abolição também pesa na escolha pedestista. Na cadeira, precisará se mostrar hábil entre os setores do Governo, partidos aliados e frente à própria população.
A vida pregressa, sem máculas, de Izolda Cela conta ainda, bem como o fato de ser mulher, o que pode abrir precedentes para que ataques de eventuais concorrentes ao pleito deste ano sejam encarados como misoginia. Izolda Cela, ao lado do governador, está em uma caravana de entregas de obras públicas este último ano. Camilo Santana deixará a gestão nas próximas semanas. Nas agendas ocorridas até o momento, o mandatário fez questão de ressaltar a importância da vice em seu governo, bem avaliado pela população.
“Ela divide comigo há mais de sete anos a responsabilidade de governar o Ceará. Está comigo desde o meu primeiro governo, uma mulher discreta mas extremamente séria, trabalhadora. É a grande responsável pela revolução na educação que o Estado do Ceará alcançou”, ressaltou em uma das circunstâncias. Vale ponderar, entretanto, que as cadeiras na política circulam de forma rápida e que o cenário atual pode não representar o mesmo de amanhã. O PDT ainda não definiu o nome e não deverá fazê-lo até os próximos meses, podendo acontecer mudanças no percurso a depender dos movimentos, inclusive, da oposição.
A previsão é de que o martelo do partido seja batido daqui a quatro meses. Na última semana, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), afirmou entender Roberto Cláudio como sendo “o mais preparado” para o cargo. A declaração serviu como termômetro para avaliar a força dos pré-candidatos. À reportagem, o ex-prefeito agradeceu as palavras do colega de partido e profissão, mas disse que a decisão virá “lá na frente.” Camilo Santana, que, nas palavras do ex-presidente Lula, terá “autonomia” na escolha de sua sucessão, disse que o posicionamento de Sarto é “posição pessoal”, assim como o fez o senador Cid Gomes, principal nome do PDT Ceará.