A governadora Izolda Cela anunciou, na tarde desta terça-feira, 26, sua desfiliação do PDT após processo de escolha do partido para as eleições ao Governo do Ceará. A sigla optou pelo nome do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, em desfavor de Izolda – que tentava concorrer à reeleição e contava com o apoio do PT e outros partidos aliados. Em publicação nas redes sociais, Izolda não fala para qual sigla irá migrar. Há, no entanto, uma expectativa de que ela ingresse no próprio Partido dos Trabalhadores.
Em nota publicada nas redes sociais, Izolda cita, inclusive, Cid Gomes, principal liderança do PDT no Estado. “Temos hoje, através de legítima decisão dos partidos que têm ajudado a construir esse Projeto em prol do Ceará, duas candidaturas lançadas ao Governo do Estado. Poderíamos já estar todos unidos contra o fascismo, a intolerância e o ódio. Defendi isso desde o início, juntamente com Cid, Camilo e tantos outros. Diante desta nova realidade, e respeitando as decisões tomadas, anuncio o meu pedido de desfiliação do PDT“.
“Sigo com determinação para cumprir esta honrosa tarefa no comando do Governo do Estado, pedindo sempre as bênçãos de Deus para fazer o melhor para os cearenses.”
Além do apoio do ex-governador Camilo Santana (PT), o esposo de Izolda, Veveu Arruda, foi prefeito de Sobral, na região Norte, pelo PT. A governadora também tem simpatia de deputados estaduais e federais do Partido dos Trabalhadores. “Depois do desrespeito político que fizeram com a governadora Izolda, só restou este caminho. Seja bem-vinda nossa professora e gestora do Ceará”, disse o deputado estadual Acrísio Sena.
Mudança
Apesar do anúncio da desfiliação e possível ida da governadora ao PT, a mudança não interfere de maneira concreta nas eleições de outubro próximo (primeiro turno). Pela legislação eleitoral, a governadora não poderá mais se candidatar por outra agremiação, já que precisaria ter se desincompatibilizado do cargo que exercia pelo PDT até o dia 2 de abril. Agora, a chefe do Executivo estadual pode cumprir papel importante na formulação das alianças do PT (que optou por Elmano de Freitas como candidato) com os partidos da base.
Já havia, contudo, uma pressão para que Izolda anunciasse apoio público a Roberto Cláudio ou deixasse o PDT para outra sigla.
A “pressão” ganhou palavras na última semana. O vice-prefeito de Fortaleza, José Élcio Batista (PSB), lançou uma nota com duras críticas a então governadora. No texto, Élcio defende o processo de escolha do PDT na qual Roberto Cláudio foi o escolhido do partido para encabeçar a chapa ao Governo do Estado e pedia que a chefe do Executivo Estadual apoiasse a decisão ou deixasse a legenda. O vice-prefeito cobrou, ainda, que Izolda liderasse a sucessão para “pacificar o partido e construir o consenso para enfrentar a oposição.”
Arco de alianças
Após rompimento entre os dois partidos, o PT trabalha nos bastidores para alinhar o maior número de aliados.
Na função de vice, podem ser indicados nomes do MDB, PV, PCdoB, PP e até mesmo do PSDB. Dirigentes desses partidos se reuniram com Camilo e com o deputado federal José Guimarães. PV e PCdoB estão alinhados ao PT pela federação partidária, em nível nacional. O MDB, de Eunício, e o PP, de AJ e Zezinho Albuquerque, assinaram carta dizendo que, junto ao PT, “assumiram o compromisso de estarem juntos na construção de um caminho comum para as eleições de 2022”.
Dos citados, apenas o PSDB ainda está buscando definição, uma vez que a legenda, que é da base da atual gestão estadual, ainda decide se segue no bloco coordenado pelo PT ou se mantém a aliança com o PDT. O ex-governador Camilo Santana também tenta atrair o PSB Ceará para o arco. Em nível nacional, o partido ocupa a vice da candidatura de Lula, com Geraldo Alckmin, mas, no Ceará, sinalizou a continuidade da parceria com o PDT de Ciro Gomes e Roberto Cláudio.