Semana passada, falei sobre os benefícios para a saúde das pessoas que os deslocamentos ativos podem trazer. Certamente são argumentos atraentes para caminharmos mais e usarmos mais a bicicleta.
Mas, infelizmente, muitas cidades não permitem fazer isso com segurança e tranquilidade, geralmente por falta de vontade política dos gestores públicos, que ainda insistem em construir cidades pensadas para os carros, e não para as pessoas.
Porém, além de todos os benefícios para a saúde e qualidade de vida das pessoas, existe um argumento que deveria ser imbatível para convencer os gestores: investir em infraestrutura para pedestre ou ciclista dá lucro! Na Europa, prefeituras ou governos que já fazem este investimento há mais tempo comprovam a economia nos custos em saúde pública, que superam e muito os investimentos na mobilidade.
Para exemplificar, o governo da Holanda investe em torno de 595 milhões de euros anualmente em ciclismo urbano, e estima uma economia de 19 bilhões de euros nos custos em saúde pública. Em Copenhague, capital da Dinamarca, pesquisadores chegaram a conclusão de que a cada km percorrido de carro a cidade perde 15 centavos de euro, enquanto a cada km de bicicleta a cidade ganha 16 centavos.
A prefeitura usa estes dados para justificar os investimentos em construção e alargamentos de ciclovias, além de pontes exclusivas para ciclistas. Todas estas novas infraestruturas atraem mais pessoas a pedalar na cidade, o que aumenta o retorno do investimento.
No Brasil, existem muitos pesquisadores olhando para os prejuízos financeiros causados pelas mortes e feridos no trânsito, pelos efeitos nocivos da poluição dos veículos, pelos problemas de saúde causados por obesidade, estresse, e até mesmo pelo tempo perdido nos congestionamentos ou deslocamentos que deixam de ser feitos devido ao alto custo.
Mas com a antiquada cultura do automóvel ainda muito forte, não enxergam que parte da solução está no investimento para assegurar que cada vez mais pessoas pedalem.