A Capital cearense vai contar com um Núcleo Multidisciplinar de Atenção Individualizada com o objetivo de atender crianças que ficaram órfãs em consequência da pandemia da covid-19. O lançamento da estratégia, considerada inédita no Brasil, foi feito pelo prefeito José Sarto (PDT), na manhã desta segunda-feira, 13, durante a abertura da VIII Semana do Bebê, realizada no Teatro São José. A campanha acontece em parceria com o Unicef, com o tema: “Crianças Órfãs da Pandemia: Fortalecendo a rede de cuidados, proteção e garantia de direitos”.
Inicialmente, o Núcleo vai atender 127 crianças órfãs da pandemia na primeiríssima infância, de zero a três anos. Elas já foram mapeadas, a partir do cruzamento de dados das secretárias da Saúde, Educação e Assistência e da Fundação da Criança e da Família Cidadã (FUNCI).
O Núcleo realizará uma busca ativa na Capital e um diagnóstico multidisciplinar para permitir o cuidado de forma integrada das crianças nesta situação. As crianças serão acompanhadas de forma individualizada por uma equipe composta por representantes de vários órgãos da Prefeitura. A partir disso, poderão ser inseridas na rede de assistência, cuidado e proteção do Município. A iniciativa vai ser liderada pela Coordenadoria da Primeira Infância, em parceria com outros órgãos.
Em publicação nas redes sociais, o prefeito José Sarto destacou a importância da ação. “O Núcleo vai trabalhar de forma integrada com várias secretarias e inserir as crianças na rede socioassistencial assegurando direitos, como atualização do cartão de vacinação, matrícula na rede municipal e encaminhamento para políticas de inclusão. É uma ação inovadora e inédita no Brasil, que demonstra nosso compromisso com a primeira infância”, frisou.
Ceará
Um dos principais problemas deixados pela pandemia são as crianças e adolescentes que acabaram perdendo pai, mãe ou responsáveis pela doença. Segundo o deputado estadual Renato Roseno (Psol), a estimativa é de cerca de 200 mil órfãos no Brasil, desde março de 2020 a fevereiro de 2022. No Nordeste, o número pode chagr a 30 mil e, no Ceará, entre seis e oito mil, conforme o parlamentar. Os números são considerados alarmantes, mesmo com a subnotificação.
Para tal, entidades como a Defensoria Pública do Estado, o Tribunal de Justiça do Ceará e a Assembleia Legislativa estão se articulando para localização dessas crianças e jovens, e garantia de condições adequadas nos aspectos socioemocional, educacional e jurídico. De acordo com dados da Coordenação do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (Caopij), do Ministério Público, o número de crianças abrigadas no Estado quintuplicou nos últimos dois anos, durante a pandemia.