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1 de novembro de 2024

Importações são maiores que exportações há pelo menos uma década no Ceará

Foto: Divulgação/Porto do Pecém

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Característica é vista como “tradicional” por especialistas, quando se é avaliado tipo de produto que Estado está trazendo para seu território e o que entrega ao Exterior

Priscila Baima
priscila.baima@opiniaoce.com.br

Porto do Pecém é expoente de entrada de produtos no Ceará e saída do Estado também (Gladison de Oliveira/Complexo do Pecém)

Há pelo menos uma década, o Ceará importa mais produtos do que exporta. Essa característica comercial é vista como “tradicional” por especialistas, quando se é avaliado o tipo de produto que o Estado está trazendo para dentro do seu território e o que entrega para o Exterior.

O valor de exportações do Ceará em 2021 foi de US$ 2,7 bilhões, crescimento de 47,7% em relação a 2020, mas o de importação o superou, com uma soma de US$ 3,87 bilhões, de acordo com o trabalho feito pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), por meio da Diretoria de Estudos Econômicos (Diec). Mas, afinal, por que o déficit comercial vem acontecendo por todo esse tempo no Ceará?

Para a economista e assessora técnica do Ipece, Ana Cristina Lima, responsável pelo trabalho, é do próprio comportamento da economia cearense esse déficit acontecer e faz parte da estrutura de bens e de produtos do Estado. “O Ceará exporta mais produtos básicos, que são produtos com preços mais baixos. Por outro lado, nosso Estado importa bens com o preço mais elevado. Estamos em desenvolvimento. É normal que isso aconteça.”

A especialista considera que o fato não é isolado e afirma que não tem relação com a pandemia, visto que já é característica da economia cearense. “Se observarmos, já tem mais de 10 anos que o Ceará está com uma balança que, em geral, quando fecha o ano, é deficitária”. Para 2022, a previsão, segundo Ana Cristina, é de que continue assim até que o estado consiga se desenvolver mais.

Na movimentação acumulada de dezembro de 2021 do terminal portuário do Pecém, os embarques somaram 6.583.475 toneladas – crescimento de 37% em relação ao mesmo período de 2020 (jan/nov-2020: 4.788.666 toneladas). Já os desembarques totalizaram 13.821.908 toneladas, aumento de 43% na comparação com os onze primeiros meses do ano passado (jan/nov-2020: 9.669.462 toneladas).

AMPLIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES
O Ceará, em 2021, na análise das exportações cearenses por atividade econômica, ampliou a participação das exportações em bens da indústria de transformação para 91,5%, atingindo o valor de US$ 2,5 bilhões. As exportações da atividade agropecuária nesse mesmo ano registraram crescimento de 11,8%, comparado com 2020.

Já as importações cearenses de 2021 foram, em sua maioria, de bens da indústria de transformação, atingindo o montante de US$ 2,88 bilhões, participação de 74,5% do total importado pelo Ceará. Os produtos metalúrgicos foram o segundo mais importados em 2021, com valor de US$ 409,9 milhões e participação de 10,6%. Esse grupo registrou crescimento de quase 167%, puxado principalmente pelo aumento de produtos laminados planos, de ferro ou aço não ligado.

De acordo com o economista Fran Bezerra, o Estado realizar mais importações não significa algo problemático, uma vez que o Ceará ainda é muito dependente de produtos de maior conteúdo tecnológico. Na sua avaliação, o Estado está fazendo investimento. ”Primeiro, para o consumo das famílias e empresas. Segundo, porque o Ceará está, mesmo na época de pandemia, investindo fortemente no seu crescimento, tanto o setor público, quanto o setor privado.”

Parte desse investimento, segundo Bezerra, é feito sob a forma de importação de máquina e equipamentos, elevando o volume das importações de produtos e conteúdos tecnológicos, portanto, mais caros. “Boa parte do esforço de importação que fazemos é para melhoria do nosso parque industrial, para ganho tecnológico para que, no futuro, possamos competir com melhores condições com nossos concorrentes estrangeiros”, conclui o economista.

Em 2018, as exportações cearenses, segundo o Ipece, somaram US$ 2,3 bilhões – atingindo mais um recorde -, significando crescimento de 10,7 por cento em relação a 2017. Já as importações, no mesmo período, totalizaram US$ 2,5 bilhões, registrando aumento de 13,0 por cento.

No fechamento do ano de 2019, as exportações do Estado totalizaram US$ 2,26 bilhões registrando a primeira queda nas exportações cearenses desde 2014. A retração de 3,3% foi puxada pela diminuição das vendas para o exterior de produtos de aço e ferro, calçados e frutas.

As importações cearenses apresentaram queda de 7% no ano de 2019, realizando US$ 2,36 bilhões. O resultado negativo também foi motivado pela diminuição da compra de produtos que compõe o setor de ferro e aço.

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