Voltar ao topo

19 de maio de 2025

Iguatu também desafina

Compartilhar:

O município de Iguatu, no Centro-Sul do Ceará, foi apanhado, digamos assim, com a boca na botija. Contratou shows com os cantores Gusttavo Lima e Zezé di Camargo & Luciano com gastos superiores a R$ 1 milhão. Os artistas bolsominions são atrações dos festejos juninos locais. O cachê de Gusttavo soma R$ 600 mil e o da dupla é de R$ 370 mil, devendo ser acrescidos ao orçamernto custos com publicidade, transporte, hospedagem, alimentação, estrutura, impostos e taxas, entre outros. Dizer que é muito dinheiro para uma cidade em que pipocam demandas sociais é redundância, mas a observação é inevitável.

Não se pode classificar Iguatu como local pobre, uma vez que a renda per capita de seus 103 mil habitantes supera os R$ 16 mil. Mas é certo notar que há prioridades em saúde e educação, por exemplo, que poderiam ser contempladas com a boa aplicação de dinheiro público. O prefeito, Ednaldo Couras (PSD), é bolsonarista. Alguém se espanta?

Sem criminalizar, por favor – pelo menos por enquanto

Mas é prudente evitar a criminalização de artistas pelo fato de cobrarem esse ou aquele valor pelos serviços que prestam ou pela baixa qualidade da música que produzem. O que a sociedade precisa é fiscalizar os gastos públicos com rigor, saber como cada centavo é usado e como retorna para a coletividade.

Sem cura

Episódio que obrigatoriamente deve ser lembrado teve como protagonistas a cantora Ivete Sangalo e o Governo do Ceará, em 2013. Na época, a gestão de Cid Gomes (hoje senador do PDT) contabilizou gasto de R$ 650 mil para a baiana cantar na inauguração do hospital regional de Sobral.

Autocrítica

A CPI da Assembleia Legislativa que investiga associações de policiais no Ceará é “politiqueira” e serve a interesses menores. A avaliação é, curiosamente, de um integrante da comissão, o deputado Francisco Cavalcante (PL). Conclusão inescapável: por ter aceitado participar da comissão, a apreciação de Cavalcante é cabível ao próprio desempenho. Simples assim.

Outro sentido

Ex-delegado da Polícia Civil, o deputado se esforça como ninguém para tentar descredenciar as apurações, mesmo que para isso pague mico: agride verbalmente colegas, descumpre elementares regras de convivência e abusa da desinformação. Poderia atuar para agregar qualidade e valores às entidades – suspeitas de financiar motins em corporações militares com dinheiro público e de servir de suporte aos interesses eleitorais do deputado bolsonarista Wagner Sousa (União) -, mas prefere o rumo oposto.

Vexame

Nesta semana, Cavalcante acusou o deputado Elmano Freitas (PT), relator da CPI, de não ter ética. Por isso, levou um humilhante puxão de orelhas do presidente da Comissão, Salmito Filho (PDT). Não é, definitivamente, situação que orgulhe quem o elegeu.

Material

A Prefeitura de Fortaleza calcula ter aplicado mais de 92 mil m² de asfalto na operação tapa-buraco que vem realizando, alcançando cerca de 140 ruas em 90 bairros. Asfalto, por sinal, é a vedete da produção da Lubnor, refinaria que a Petrobras mantinha na cidade e que vendeu a preço de banana – incluindo um terreno que não lhe pertencia e, sim, ao Município. A Lubnor responde por 13% da produção de asfalto no País.

[ Mais notícias ]