O conclave da histórica quinta-feira (8). A Capela Sistina anunciou, Habemus Papam: ‘temos um papa’, o cardeal Robert Francis Prevost. O primeiro Papa da história agostiniana e norte-americana, país de maioria protestante, se denominou Papa Leão XIV. Em depoimento, o querido Papa Francisco já havia expressado o desejo de que seu sucessor adotasse o nome de João XXIV, em homenagem ao Papa João XXIII, que, em 1962, abriu Concílio Vaticano II, visando a renovação e abertura da igreja para o mundo, ou seja, defendendo uma “Igreja de todos e, particularmente, dos pobres”. Prevost, que fez sua carreira religiosa e se destacou no Peru, foi nomeado cardeal por Francisco, que o tornou líder de todos os cardeais, – preferiu homenagear o Papa Leão XIII. No exato momento em que o novo papa aparecia na Praça São Pedro para o seu primeiro pronunciamento, o amigo Roberto ligou a TV. Ao ser revelado o nome do Papa de Leão XIV, ele olhou-me e disse: “Vai ser difícil ter outro como o Papa Francisco. Vixe, e tinha que se chamar Leão!? Quem não vai gostar são os torcedores do Ceará”. Como torcedor do vozão, disse-lhe: “Com certeza, ele deve estar homenageando o Papa Leão XIII, e não o time do laion”. Todos nós que tivemos o privilégio de passar pelos bancos escolares e de ter tido aulas de história, apreendemos sobre a importância histórica, política e social da Encíclica Rerum Novarum, de autoria de Leão XIII. Diante das rápidas mudanças tecnológicas provocadas pela Revolução Industrial, o impacto e os efeitos sociais sobre os trabalhadores, Leão XIII escreveu essa carta aberta como resposta da Igreja à questão social, e defendia como pontos principais: a justiça social e a necessidade de uma distribuição mais equitativa da riqueza, a intervenção do Estado na economia a favor dos mais pobres e desprotegidos, a necessidade de um salário justo e suficiente para manter o trabalhador e sua família, a limitação da jornada de trabalho e a importância do direito de associação dos trabalhadores em sindicatos e cooperativas. Em outras palavras, a encíclica reconhecia a importância da propriedade privada, mas fazia críticas ao liberalismo do capitalismo monopolista e exploração dos trabalhadores, como também criticava a solução da revolução dada pelo Manifesto Comunista de 1848. Não precisa ter muito conhecimento histórico para perceber que os pontos e preocupações de Leão XIII, no final do século XIX, não diferem muito das preocupações de Leão XIV nessas três primeiras décadas do século XXI. Em seu pronunciamento, Leão XIV disse com orgulho pertencer à Ordem Agostiniana ou aos Frades Agostinianos mendicantes que seguem os princípios de Santo Agostinho. Por outro lado, Francisco demonstrava uma forte ligação com o pensamento de São Tomás de Aquino, com o Tomismo, ou seja, a conciliação da fé com a razão aristotélica. O Papa Francisco, assim como São Francisco de Assis e São Tomás questionavam o comportamento do alto clero e tinham como missão servir aos pobres e ajudar a disseminar o amor de Deus. Os pensamentos de Leão XIV e do Papa Francisco têm em comum: defenderem a opção pelos pobres, o fim das desigualdades sociais, a crítica a exploração capitalista, a denúncia aos abusos sexuais na igreja, a corrupção e violências das ditaduras, a preservação ao meio ambiente e a luta contra a violação dos direitos humanos. Francisco tinha uma relação de compreensão e de aceitação com os casais homoafetivos e tentava aproximar as mulheres à igreja, inclusive dando-lhes funções e cargos de importância. No entanto, Leão XIV, seu jovem sucessor de 69 anos, não aceita casamentos entre o mesmo sexo, e sobre a participação e ordenação de mulheres na igreja, no Sínodo em 2023, o então cardeal Prevost declarou o seguinte: “Clericalizar as mulheres não resolveriam os problemas da Igreja”. Tomara que Leão XIV dê continuidade aos princípios defendidos pela Encíclica Rerum Novarum e pelo Papa Francisco.

Lula assina MP que isenta tarifa de energia de famílias de baixa renda que consomem até 80 kilowatts-hora por mês
O texto, publicado no Diário Oficial da União (DOU) prevê mudança da Tarifa Social, abertura de mercado, com liberdade de escolha de fornecedor para o consumidor comum, e distribuição mais justa do pagamento de encargos