Caio Salgueiro
Especial para OPINIÃO CE
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No último doming, 24, o Fortaleza empatou em 0 a 0 com o Santos, na Arena Castelão, pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro. Com esse resultado e a vitória do Juventude sobre o rival Ceará, a equipe tricolor encerrou o primeiro turno na lanterna do campeonato (20º), conquistando apenas 15 pontos.
O Leão do Pici saiu de campo vencedor apenas em três ocasiões na atual edição do Brasileirão, e apenas uma delas foi em casa. O Tricolor de Aço protagoniza a sua pior campanha na história dos pontos corridos (desde 2003).
O momento vivido pelo time está fazendo a torcida enfurecer, e agora personagens, antes intactos, também estão sendo cobrados. Juan Pablo Vojvoda ouviu gritos de “burro” pela primeira vez desde que chegou ao Fortaleza, e hoje já escuta pedidos de demissão por parte dos torcedores.
Dudu Damasceno, dono do canal Bora Leão, fala o que pensa sobre a situação de Vojvoda. “Sendo bem sincero, até duas, três semanas atrás, eu não achava que a melhor saída seria uma demissão dele [Vojvoda]. Achava que ele ainda conseguiria desenvolver, mesmo já achando questionável o trabalho. “Mas ele chegou no limite: não consegue mais desenvolver seus atletas. É nítido que tem uma dessintonia entre time, comissão e a própria torcida. O Vojvoda se mostra um grande técnico, uma grande pessoa, mas talvez não seja o técnico capaz de tirar o Fortaleza da zona de rebaixamento.”
Márcio Renato, participante do canal Glória e Tradição, também comenta a respeito do comandante tricolor. “O fato é que para o torcedor do Fortaleza o time perdeu a identidade que o próprio Vojvoda construiu ano passado. É como se a gente tivesse saído de um time intenso, brigador e que não desistia dos jogos pra um time que não sabe se é construtor ou reativo, que entrega os pontos nos finais dos jogos e que tem jogadores que parecem totalmente desencaixados em campo. Vojvoda continua muito trabalhador e dedicado, mas não parece mais fazer o torcedor acreditar em seu trabalho. A sensação que passa é a de que ele não consegue mais extrair nada dos seus jogadores.”
O torcedor Marcos Rennan pontua as decisões que acha questionáveis do técnico. “Eu vejo os equívocos dele principalmente na gestão do elenco. Coisas inexplicáveis como jogadores pegando banco de repente, como é o caso do Lucas Lima, além de outros jogadores sequer tendo oportunidade, como o David da Hora. Somado a isso, ele tem a pior gestão de goleiros que eu já vi. Não vejo ele tirando mais nada desse elenco, mesmo com os reforços, depois de ontem ficou muito claro que ele vai morrer abraçado nas próprias convicções.”
Marcos Rennan se mostra favorável a uma possível saída do treinador. “A essa altura prefiro sim a sua demissão. Tem um returno todo pela frente, é muito difícil escapar, mas é possível. É preciso tentar algo diferente.” A reportagem entrou em contato com a Presidência do clube, mas não teve retorno até o fechamento deste conteúdo.
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Tensão para todo lado
Caio Salgueiro
Especial para OPINIÃO CE
Estive na partida entre Fortaleza e Santos, na Arena Castelão, com um público de cerca de 19 mil pessoas. Desde antes da partida começar, era possível notar o ambiente tenso na torcida tricolor. Enquanto os jogadores titulares do Leão eram apresentados no telão do estádio, poucos aplausos eram observados.
Ao invés disso, muitas vaias ao volante Matheus Jussa. Durante o jogo, reclamações eram ouvidas desde o início a cada erro dos jogadores. A demora na tomada de decisão era o que mais irritava os adeptos. Após encerramento da primeira etapa, vaias gerais do estádio ao time.
Entretanto, os momentos de maiores tensões entre torcida e time se deram no segundo tempo. O Fortaleza atacava, mas não conseguia criar chances claras. Irritada, a torcida protesta por mudanças no time e grita o nome de Thiago Galhardo, recente reforço tricolor.
Vojvoda atende ao pedido da torcida e o camisa 91 entra em campo no lugar de Silvio Romero, que não fez nenhum gol em todo o primeiro turno e saiu sob muitas vaias pela primeira vez. A equipe não melhorou, então Vojvoda resolveu mexer de novo na equipe.
Ao verem Robson, Depietri e Lucas Sasha serem chamados pelo treinador, os torcedores se enfureceram de vez com o treinador, e entonaram um sonoro “burro” ao argentino. Ele ouviu estes gritos pela primeira vez desde que chegou ao clube a pouco mais de um ano.
Os jogadores se mostravam nitidamente nervosos, e não conseguiam criar perigo com eficácia. O time chutou 27 bolas, porém apenas duas delas foram no gol de João Paulo, goleiro do Santos. No apito final, novamente vaias para o time. Em entrevista coletiva pós-jogo, Vojvoda rebateu as reclamações do torcedor e defendeu seus atletas.
“Se o torcedor quer decisões populares, não vai encontrar de mim. O Vojvoda tem que fazer o que indica sua consciência, o que é o correto de fazer. Sempre conduzido pelo mesmo caminho.”