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14 de fevereiro de 2025

Governo Lula define grupo sobre uso indevido de telas por crianças; entenda

O uso indevido de telas tem impactos apontados por especialistas, como danos físicos, prevalência de hábitos sedentários, distúrbios visuais como miopia, alterações no sono, falta de atenção e o pouco desenvolvimento de habilidades interpessoais.
Valter Camapanato/ Agência Brasil

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Em Portaria publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (14), foram indicados os membros de sete ministérios e 19 representantes da sociedade civil, academia e entidades para compor um grupo de trabalho (GT) que indicará os riscos do uso indevido e abusivo de dispositivos eletrônicos por crianças e adolescentes. A iniciativa de tratar o assunto é da Secretaria de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social (Secom), da Presidência da República. Segundo o órgão, entre 2019 e 2022, houve um crescimento de 64% nas taxas de lesões autoprovocadas intencionalmente por crianças e adolescentes, relacionando o contexto ao uso excessivo de telas conectadas à internet. 

O intuito do grupo é criar um guia para o uso consciente de telas, com orientações para familiares, cuidadores e educadores, além de ser base para políticas públicas nas áreas de saúde, educação, assistência social e proteção do público mais vulnerável. O Programa Criança e Consumo do Instituto Alana, entidade com atuação histórica nos direitos da infância, fará parte do grupo estabelecido.

“É uma medida importante e urgente, um esforço multidisciplinar e multissetorial que visa a entender demandas e propor caminhos para um uso consciente de telas que precisa envolver Estado, família e toda a sociedade, incluindo empresas, conforme nossa Constituição Federal, no Artigo 227″, afirma a coordenadora do Programa Criança e Consumo do Instituto Alana, Maria Mello.

Estudo realizado pelo TIC Kids online, produzida pelo Comitê Gestor da Internet (CGO.br), mostra que cerca de um terço dos usuários da internet no mundo é de crianças de adolescentes. A pesquisa ainda afirma que 95% das crianças e adolescentes de nove a 17 anos acessaram a internet em 2023.

O impacto desse uso é comentado pelo pediatra e sanitarista Daniel Becker, um dos integrantes do GT, como os danos físicos, prevalência de hábitos sedentários, distúrbios visuais como miopia, alterações no sono e até mesmo comprometimentos cognitivos e emocionais, como falta de atenção e o pouco desenvolvimento de habilidades interpessoais. Segundo o especialista, o contato com as telas se torna ainda mais preocupantes com crianças muito pequenas, com até 2 anos de idade.

“Nos pequenos, já está mais do que comprovado. Há estudo com 7 mil crianças mostrando que o uso de telas, em menores de um ou dois anos, leva prejuízos ao desenvolvimento motor, cognitivo e emocional, mais tarde nessa criança mais velha“, afirma o pediatra.

O especialista finaliza apontando os impactos sociais do contato de crianças e adolescentes com a internet de forma indevida, já que no digital existem conteúdos e ideologias extremistas, que pregam violência e preconceito, como racismo, misoginia, machismo, entre outros. Ele ainda alerta sobre a vulnerabilidade do público a ações criminosas, com risco de exposição à pedofilia, prática de assédio e cyberbullying.

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