Depois do anúncio da Petrobras de aumentar em R$ 0,41 por litro o seu preço médio de venda de gasolina A para as distribuidoras, um reajuste de 16,3%, os postos de combustíveis no Ceará devem acelerar a mudança de preço nos próximos dias. A conduta, no entanto, não é comum porque os preços dos estabelecimentos mudam conforme a concorrência, gradativamente. A informação foi dada pelo assessor econômico do Sindipostos, Antônio José. O especialista critica o reajuste: “o Governo Federal é o grande impactador dos aumentos dos combustíveis“.
Em maio deste ano, a Petrobras anunciou uma nova política de preços que determinava o fim da paridade de importação (PPI) — prática que ajustava o preço dos combustíveis com base na cotação do dólar e do petróleo no exterior. A nova estratégia comercial, vista por muitos especialistas como pouco transparente, busca incorporar “parâmetros que refletem as melhores condições de refino e logística da Petrobras na sua precificação”, segundo a companhia.
Apesar da mudança, o aumento causa um impacto muito grande, segundo o assessor do Sindipostos Ceará, principalmente devido ao próprio anúncio da companhia. “Em relação ao aumento em si, ele tem sido constante, e é importante lembrar que a Petrobras não é a única fornecedora que os postos do Ceará recebe. O impacto é a divulgação porque com relação a aumentos já vem ocorrendo há bastante tempo. Na realidade, o grande vilão se chama imposto”, pontua Antônio.
Geralmente, ainda segundo Antônio, quando há aumento de combustíveis pelas refinarias, os postos do Ceará demoram a passar para as bombas devido à concorrência massiva no mercado.
“Eles seguram um pouco porque precisam se segurar no mercado e a concorrência regula o preço. Nesse caso, no entanto, é bem diferente porque os aumentos foram muito pesados, bem acima do que acontece normalmente. Isso ocasionou os postos já aumentarem seus preços. O principal motivo é que, em alguns casos, o aumento chegou a ser maior que as margens de lucro. Então, o posto não pode perder seu capital de giro. Em resumo, os aumentos vão ser praticados bem mais rápidos do que em outras ocasiões”, revela.
Apesar dos aumentos, a empresa informou em comunicado que, até agora, em 2023, os preços dos combustíveis tiveram uma redução acumulada de R$ 0,15 por litro para a gasolina e R$ 0,69 por litro para o diesel.
No entanto, devido ao forte aumento dos preços do petróleo no mercado internacional e à rápida alta do dólar nas últimas semanas, a empresa alcançou um ponto em que não consegue mais otimizar suas operações, inclusive com importações adicionais. Por essa razão, a Petrobras precisou ajustar os preços da gasolina e do diesel para reequilibrar sua situação.