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8 de dezembro de 2024

Governo Bolsonaro teria tentado trazer joias avaliadas em R$ 16,5 mi ilegalmente ao Brasil

As joias seriam presentes do governo da Arábia Saudita para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro
Foto: Reprodução/ Twitter

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O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria tentado trazer ao Brasil, de forma irregular, joias com diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões. As joias seriam presentes do governo da Arábia Saudita para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A informação foi publicada pelo jornal Estadão. A ex-primeira-dama disse que “não estava sabendo” que tinha “tudo isso”, referindo-se às joias.

“Quer dizer que, ‘eu tenho tudo isso’ e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa impressa (sic) vexatória”, publicou Michelle, nos stories de sua conta no Instagram.

Foto: Reprodução

As joias foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Elas estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que viajou ao Oriente Médio em outubro de 2021. Bento Albuquerque afirma, porém, que não tinha ideia do conteúdo dos “dois pacotes” que sua comitiva recebeu quando deixou o país árabe com destino ao Brasil.

Isso era um presente. Como era uma joia, a joia não era para o presidente Bolsonaro, né… deveria ser para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. E o relógio e essas coisas, que nós vimos depois, deveria ser para o presidente, como dois embrulhos“, afirmou Albuquerque.

O conjunto apreendido continha colar, anel, relógio e marca de brincos de diamantes. Também havia um certificado de autenticidade da marca Chopard. Os itens ficaram com a Receita Federal. Para entrar legalmente no país com mercadorias acima de R$ 1 mil, o passageiro precisa pagar imposto de importação equivalente a 50% do valor do produto. Quando o passageiro omite o item, como foi o caso do assessor do governo, ele precisa pagar também uma multa adicional de 25% do valor.

TENTATIVA DE RECUPERAR

Conforme o Estadão, o governo do ex-presidente tentou recuperar as joias, sem cogitar pagar o imposto e a multa. Em 3 de novembro de 2021, o Ministério de Minas e Energia acionou o Ministério de Relações Exteriores para auxiliar no caso. O Itamaraty pediu, então, para a Receita tomar “providências necessárias para liberação dos bens retidos”. Por meio de uma comunicação oficial, a Receita informou que o único procedimento possível para a liberação seria fazendo os pagamentos.

Em 28 de dezembro de 2022, a dias de Bolsonaro deixar a Presidência, o governo fez uma nova tentativa, e o próprio então presidente enviou um ofício para a Receita pedindo a devolução dos bens. Sem sucesso. No dia 29, um funcionário do governo identificado apenas como Jairo teria ido a Guarulhos com um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e argumentado que as joias não poderiam ficar retidas, porque haveria mudança de governo.

BOLSONARO NEGA

O ex-presidente Jair Bolsonaro nega que as joias foram trazidas de forma ilegal e que os presentes seriam, na verdade, para uso pessoal da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o ex-presidente. “Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi. Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade. Veja o meu cartão corporativo pessoal. Nunca saquei, nem paguei nenhum centavo nesse cartão”, disse Bolsonaro à CNN, neste sábado, 4.

A reportagem também teve acesso a ofícios que descrevem que o material seria encaminhado ao acervo e que teria um destino legal adequado.

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