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7 de fevereiro de 2025

Governo Bolsonaro mudou um ministro da Educação a cada sete meses

O Ministro da Educação, Milton Ribeiro, anuncia o relatório final do Grupo de Trabalho da reestruturação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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Total é uma média da saída de ministros escolhidos e nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro durante sua gestão, que soma pouco menos de 3,5 anos. Milton Ribeiro, da Educação, pediu exoneração nesta segunda

Rodrigo Rodrigues
rodrigo.rodrigues@opiniaoce.com.br

Milton Ribeiro é o 4º titular da Educação a cair no governo Bolsonaro (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu ao presidente Jair Bolsonaro (PL) para se licenciar do cargo após denúncias de corrupção na pasta virem à público na última semana. O titular da Educação é o quarto a deixar o cargo em menos de 3,5 anos de governo Bolsonaro.

Ricardo Vélez (98 dias), Abraham Weintraub (437 dias) e Carlos Decotelli (cinco dias) também deixaram a gestão de uma dos ministérios mais importantes do País em meio a polêmicas. Além dos ex-gestores, passou pelo Ministério Antonio Paulo Vogel, que ficou como interino.

Decotelli pediu demissão após uma série de denúncias sobre informações falsas em seu currículo. Milton Ribeiro foi o mais duradouro, com 626 dias no cargo. Com a “dança das cadeiras”, Bolsonaro, no total, chega a 27 mudanças em seu governo, o que representa, em média, contando o início do mandato, uma alteração a cada 43 dias.

Só na Educação, foram cinco mudanças (contando o interino) em 38 meses e 28 dias: uma alteração a cada sete meses. O colombiano Vélez saiu da pasta na mesma semana em que Bolsonaro completou 100 dias na Presidência. A gestão foi marcada por crises e controvérsias.

Na ocasião, o presidente declarou que a gestão da Educação “não estava dando certo.” Dois dias antes, Vélez havia anunciado que pretendia revisar livros didáticos sobre a Ditadura Militar no Brasil, o que gerou reações da opinião pública. Em seu lugar, ficou Weintraub, economista e um dos principais representantes do “olavismo” no governo.

À frente da pasta, Weintraub acumulou desgastes por conta de declarações polêmicas. Em um vídeo vazado de uma reunião ministerial, o ex-gestor sugeriu colocar os “vagabundos” [sic] do Supremo Tribunal Federal (STF) na cadeia. A fala gerou críticas de ministros do STF e parlamentares.

LISTA CRESCEU CONSIDERAVELMENTE
Se não considerada apenas a pasta da Educação, a lista cresce consideravelmente. Somando todos os ministérios, esta é a 17ª exoneração de ministros do primeiro escalão. O último havia sido Ricardo Salles, do Meio Ambiente.

Na mesma reunião ministerial da declaração polêmica de Weintraub, Salles sugeriu a Bolsonaro que o governo “aproveitasse” que a atenção da imprensa estava voltada para a pandemia para “ir passando a boiada” na área ambiental.

O ex-ministro não resistiu à pressão e deixou o cargo. Além das mudanças da titularidades principais, o governo promoveu uma série de ajustes para realocar nomes e ceder espaço ao Centrão. Nos próximos dias, está prevista ainda outra reforma em que ministros devem se desincompatibilizar de seus cargos para serem candidatos nas eleições de outubro, o que aumentará o número de trocas.

O ESTOPIM DE MILTON RIBEIRO
A demissão de Ribeiro foi pedida ao presidente por meio de uma carta entregue nesta segunda. “Desde o dia 21 de março, minha vida sofreu uma grande transformação. A partir de notícias veiculadas na mídia, foram levantadas suspeitas acerca da conduta de pessoas que possuíam proximidade com o Ministro da Educação”, inicia.

“Tenho plena convicção [de] que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário”, expõe no documento.

Em um áudio vazado na última semana, o pastor na Igreja Presbiteriana, teólogo e advogado, aparece conversando com prefeitos e diz repassar verbas da Educação para municípios indicados por pastores, a pedido do presidente. Após a repercussão, parlamentares, artistas e lideranças políticas pediram o afastamento imediato do ministro. O substituto oficial de Ribeiro não havia sido anunciado até o fechamento deste conteúdo.

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