Já imaginaram o aterro da Praia de Iracema com cerca de um milhão e meio de pessoas, na passagem do ano, todas próximas, bebendo, se tocando, sem saber quem está vacinado ou não, quem está com Coronavírus ou não? A resposta está no perfil do Facebook do governador Camilo Santana que, claramente, diz não ao propósito de promover grandes festas populares no réveillon e no carnaval. A posição do governador cearense é corajosa porque desagrada o universo dos promotores de eventos e dos artistas, mas é uma postura que merece ser respeitada por toda sociedade.
Além de olhar no retrovisor para um dos momentos mais tristes da história, quando mais de 600 mil pessoas perderam a vida no País – no Ceará tivemos mais de 25 mil mortos – a posição contrária do governador é correta, merecedora de apoio e, ao mesmo tempo, reflexiva porque joga para a sociedade a discussão sobre o valor da vida. Afinal, o que temos a comemorar? As mortes, a dor, o sofrimento, o desemprego, a miséria, a fome? O alerta de Camilo Santana, ao informar o aumento de casos na Europa, Estados Unidos e até mesmo em algumas cidades brasileiras, merece uma análise, dentro das famílias e, principalmente, entre formadores de opinião.
Vale salientar que o governador não pontuou ser contrário ao réveillon realizado entre famílias e amigos, ao ar livre. Sua posição é clara, quando afirma ser contrário às grandes festas, onde não se pode cobrar o comprovante ou passaporte vacinal. As festas, com apresentação do documento, podem ser realizadas, segundo o posicionamento de Camilo Santana.
O efeito político da medida não preocupa o governo cearense. O governador tem afirmado que sua prioridade é cuidar das pessoas, vacinar toda população e defender medidas que preservem a saúde da comunidade. O enfrentamento da pandemia, com cuidado e mantendo medidas protetivas, deve seguir. Nesse ponto, Camilo pouco se importa com o item popularidade. Nenhum homem público quer carregar cadáveres no histórico, principalmente o jovem governador, que tem formação humanitária.
Para o cearense, que possui 600 quilômetros de litoral, é importante esclarecer que toda essa faixa nobre de areia e mar pode ser usada normalmente no réveillon. É um enorme espaço. Os 34 quilômetros da faixa de praia de Fortaleza estarão à disposição dos turistas e da população nativa. Para os que tem o que comemorar, a festa está liberada, mas será necessário vacinar. O governo está sendo rigoroso na cobrança, junto aos setores da economia que atuam no setor de serviço. A tática de exigir o cartão ou passaporte vacinal é uma maneira de forçar a população a se vacinar. Foi dura a luta para convencer o governo federal a comprar a vacina. E é simples a imunização, basta apenas procurar um posto de saúde e ganhar um salvo-conduto para entrar e sair de qualquer ambiente. Sem vacina, o cidadão se alimenta na rua, não entra no cinema, no bar, na faculdade, na escola e se torna um ser desagradável.
No Ceará, cerca de 500 mil pessoas não apareceram para receber a segunda dose da vacina contra Covid-19. É um número elevado. Pesquisas mostram que para boa parte dos brasileiros a pandemia acabou, o que não é verdade. O Coronavírus ainda está entre nós. A vacina reduziu a presença. É como se ele estivesse no freezer e, a qualquer momento, pode sair do congelador. Réveillon, sem multidão é uma medida certa!