Natural de Quixeramobim, no Sertão Central do Ceará, a fotógrafa Roberta Martins, 42, está concorrendo ao Prêmio Golden Lens, conhecido como o “Oscar da Fotografia e Vídeo de Casamento, Retratos e Família”. Iniciativa da Associação Internacional Inspiration Photographers, a premiação indica profissionais de mais de 60 países membros da entidade. O Prêmio é dividido em cerca de 30 categorias e coroa os melhores fotógrafos e filmmakers do mundo.
Indicada nas categorias Fotografia de Família Brasileira do Ano e Vídeo Revelação Brasileiro do Ano, a fotógrafa cearense disse, em entrevista ao OPINIÃO CE, que “a própria indicação já é uma grande vitória”. “Eu só resolvi participar do Inspiration ano passado porque é realmente um concurso difícil, muito concorrido. Tem muita gente boa nessa Associação e nas indicações. Nem todo membro da associação é indicado ao Golden Lens. A própria indicação já é uma grande vitória, já é incrível porque realmente é muito difícil”.
Os indicados ao prêmio Lente de Ouro são os mais bem posicionados no ranking anual da premiação Inspiration Photographers, até a penúltima rodada de cada ano. “Você vai enviando, a cada rodada, fotografias e filmes e vai sendo premiada”, explica. Quanto mais premiação você tem, maior a chance de ser indicada ao Golden Lens.

Em 2022, Roberta também foi indicada como Fotógrafa Revelação, porém não levou o prêmio. Neste ano, a premiação celebra 10 anos de existência. A cerimônia e entrega dos prêmios é realizada anualmente, em Santa Catarina, no Balneário Camboriú.
TRAJETÓRIA
Fotógrafa de famílias e partos há quase 10 anos, Roberta conta que a profissão nasceu como um hobby. O encontro com as lentes iniciou em 2013, quando engravidou e começou a buscar informações sobre um parto respeitoso e autônomo. Foi quando ela se deparou com o parto humanizado e seus benefícios.
Segundo a fotógrafa, a sensação de encontrar seu lugar no mundo da fotografia apareceu, de fato, quando sua filha, Teodora, nasceu em casa, em um parto domiciliar não planejado. “A partir de todas as informações que eu colhi durante a minha gestação e a partir dessa experiência de parto que foi tão forte, eu tive uma mudança de perspectiva”.
“Estava começando a ser mãe e essa força que eu experimentei no meu parto me deu vontade de seguir adiante com a humanização do parto e levar essa experiência que eu tive pra outras mulheres. Eu brinco dizendo que eu não escolhi a fotografia, eu fui escolhida. Não tive fotos durante o meu parto justamente porque a gente não tinha uma fotógrafa profissional na época. Então, a fotografia chega de uma forma muito natural pois eu queria mostrar para outras mulheres como era experimentar aquela força, aquela autonomia de receber minha bebê com respeito”, relata.

Seis meses após o nascimento de Teodora, Roberta realizou seu primeiro trabalho, em 2014. “Fotografei o meu primeiro parto e não parei mais. Para mim, a fotografia já chegou com o nicho e o público definidos, que eram gestantes em busca de um parto respeitoso e humanizado”, destaca. Buscando se aprofundar ainda mais na área do parto autônomo, em 2015 a fotógrafa participou de um curso de doulas. Atualmente, Roberta dá formação de doulas, porém atua, na sala de parto, apenas com a imagem, fotografia e filme.
FUNÇÃO SOCIAL
Roberta pontua que uma série de itens influenciam na decisão da mulher em como ela receberá o seu bebê, como fatores sociais, econômicos e religiosos. Logo, a fotografia de parto chega para mostrar a realidade da sala de parto. “Mostra como acontece uma cirurgia cesariana, ela vai mostrar como é um parto domiciliar, como é um parto hospitalar, como é uma cesária intraparto, como é uma cesárea agendada e aí a partir da imagem as mulheres podem escolher a sua experiência”.
“O meu Instagram não é um Instagram só de fotografia e filme, ele é um Instagram onde você consegue encontrar muitas informações sobre parto. Eu tenho esse feedback de vários clientes que me disseram ter feito algumas escolhas a partir da informação que receberam no meu Instagram. Então sim, a função da imagem tanto da fotografia como do filme é importantíssima”, destaca.

Questionada sobre seu diferencial profissional no ramo, a fotógrafa diz que se trata de toda a bagagem que adquiriu ao longo dos anos. Além disso, Roberta menciona o poder da fotografia de contar e guardar uma história para sempre. “Memória vai se desfazendo e você poder acessar uma história contada, começo, meio e fim de um evento, de um parto, você poder acessar isso a partir de uma fotografia, de uma coleção de fotografias, isso é muito valioso e eu considero como herança de família”, enfatiza.