A chegada da quadra chuvosa vem acompanhada de uma insatisfação corriqueira da população de Fortaleza: a má qualidade dos asfaltos nas ruas da Cidade e suas consequências. Moradores da Capital apontam ao OPINIÃO CE percepções sobre as situações das vias que frequentam. Todos os entrevistados afirmaram notar pioras durante o maior período de chuvas no Estado – segundo a Funceme, previsto para acontecer entre os meses de janeiro e março, em 2023.
Para Jeúde Estevão, técnico em segurança do trabalho e morador do bairro Vila Peri, são notórios locais que foram asfaltados com asfalto de péssima qualidade, visto que, com pouco tempo do término do serviço, o asfalto já se encontra quebradiço. Segundo ele, no bairro Passaré, “algumas ruas chegaram a ter projetos de asfalto e calçamento iniciados, mas foram parados, deixados de lado.”
“A chegada do período de inverno é o pior momento, principalmente para quem é motoqueiro. As chuvas se aproximam e aumentam os acidentes: carro quebrado, pneu furado, por conta dos buracos que não receberam uma reforma adequada e efetiva”, expõe. Na percepção do geólogo Dakson Costa, a qualidade dos asfaltos de Fortaleza, ao todo, é ruim, sendo pior nas regiões periféricas, onde a manutenção, se queixa, “é esquecida.” “Quando é feito algum tipo de reforma ou recapeamento, usa-se um asfalto de má qualidade, que logo se degrada, principalmente nos períodos de chuva.” Frequentadora de bairros como Guararapes, Cocó, Varjota, Meireles, Castelão – Boa Vista, Laís de Albuquerque afirma que, apesar de perceber algumas regiões melhores que as outras, todas apresentam ruas esburacadas e de difícil acesso, especialmente para veículos de pequeno porte. De acordo com a advogada, “o asfalto em si é sempre precário e, quando chove em algumas regiões da Cidade, acabam sendo ocasionados acidentes de trânsito, pela má visibilidade aos buracos cobertos por água.”
Devido à qualidade dos asfaltos, outro ponto de prejuízo aos motoristas é o desgaste do veículo. Mariana Diógenes, moradora do bairro de Fátima, explica que, pela situação dos asfaltos, “é comum ter valas abertas nas ruas e tampas de esgotos mal posicionadas”, o que acaba desgastando o carro. Além disso, Mariana comenta que “os problemas das vias refletem uma gestão pública insatisfatória.” “Isso também chateia qualquer um que trabalhou pelo seu automóvel e percebe como é difícil zelar por ele de forma íntegra, por conta de uma gestão pública ruim.”
O OPINIÃO CE procurou a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) por dois dias para saber quais ações seriam tomadas pela gestão municipal este ano com foco nas vias da Cidade voltadas ao período chuvoso, mas não recebeu retorno até o fechamento deste conteúdo.
OBRAS NA CAPITAL
Segundo balanço divulgado em agosto do ano passado, a Prefeitura de Fortaleza deu continuidade aos trabalhos de recuperação asfáltica em toda a Capital. Até o dia 12 de agosto de 2021, haviam sido recuperados 528.193,27 m² de ruas e avenidas, em 104 dos 121 bairros da Capital. A área recuperada equivale a cerca de 64 campos de futebol.
Ainda em agosto de 2022, o prefeito José Sarto anunciou o investimento de R$ 50 milhões nas obras de recapeamento das principais vias de Fortaleza, totalizando mais de 50 quilômetros de extensão de trechos a serem recuperados, com fresagem, pavimentação e sinalização. De acordo com Sarto, inicialmente, foram escolhidas as 30 vias com maior tráfego de veículos e transporte público e que também impactam na mobilidade urbana.
Conforme explicou o prefeito na época, a primeira etapa de recuperação das vias conta com obras de fresagem, que consiste na retirada de parte da camada asfáltica e a segunda, com a pavimentação asfáltica nova, e, por fim, a sinalização horizontal do trecho. O pacote prevê os primeiros trechos que serão contemplados estão nas seguintes vias: avenida Rui Barbosa (Aldeota), rua Nereu Ramos (Parangaba); rua Torres Câmara; avenida Luciano Carneiro; rua Pinto Madeira e rua Barão do Rio Branco.